quarta-feira, 6 de maio de 2015

Entrevista a Célia Correia Loureiro, autora de uma vasta colectânea literária de romances



Célia Correia Loureiro impregna as suas palavras com um misticismo e uma alma muito lusitana, acompanhada de uma profunda pesquisa e investigação histórica. Escreveu A Filha do Barão com o intuito de levar o leitor a uma outra época, tão significativa da história nacional, no raiar da Época Contemporânea em Portugal. A autora cedo se deixou cativar pelo mundo da ficção.
Licenciou-se numa área que lhe permitiu estudar línguas e diferentes culturas. Apaixonada pelas Letras, vive cada livro como uma grande e apaixonante viagem.

Estivemos à conversa com Célia Correia Loureiro de uma simpatia extrema. 
Obrigada Célia foi um prazer J


1) Fale-nos um pouco sobre si?

Gosto de me considerar uma jovem normal de 25 anos que gosta de sair com os amigos, ouvir música, cuidar dos gatos e escrever. Tenho quatro irmãos mais novos, uma forte influência dos meus avós na minha educação e uma paixão tresloucada pela História em geral.

2) Como começou sua paixão pelos livros?

Acho que a minha hiperactividade na infância me impedia de me sentar e relaxar: até ao momento em que descobri a magia dos livros. Eu tinha tanta curiosidade sobre o mundo, outros locais e os recantos da natureza humana que pude encontrar aí um modo de saciar as minhas dúvidas e, consequentemente, de acalmar um pouco a minha ânsia de saber.

3)  Quando e como surgiu o gosto pela escrita?

Ao mesmo tempo que nasceu a paixão pela leitura. Vieram as duas de mãos dadas. Era pequena, curiosa e inventiva.


4) Sendo tão jovem e já tendo na sua carreira três livros publicados, como se vê?

Vejo-me no bom caminho para construir uma carreira sólida nesta área. Sou capaz de começar a focar-me um pouco mais nos volumes de cariz histórico, mas vou manter o romance e a profundidade das personagens, que é o que me tem sido mais elogiado. Também gostava de enveredar por outros géneros: policial, talvez, e crónicas. Tenho algumas nos meus vários blogues e gostaria de partilhá-las de forma a poderem alcançar o maior número de leitores possível.

5) De onde surgem os seus personagens, imaginação ou realidade?

São uma mescla muito heterogénea: alguns personagens são decalques de pessoas/situações/carácteres com que me cruzei. Outros são fruto da minha imaginação e correspondem a caminhos por percorrer que exploro na literatura.

6) Dos três livros publicados, qual o seu personagem favorito?

Gosto muito desta pergunta. Gosto muito da Luísa, de "O Funeral da Nossa Mãe", mesmo porque me apaixonei por ela. Comecei a escrevê-la para que fosse irascível, fútil e deslocada da aldeia e das irmãs. De repente ela conquistou-me. Revelou-se, deixou transparecer os seus segredos, fragilidades, o porquê de ser brusca, de responder torto, de preferir focar-se na aparência e na solidez financeira a apostar nos afectos. Lê-la é-me sempre um prazer. Porém, considero que a Mariana de "A Filha do Barão" é, até hoje, a personagem a quem emprestei mais características minhas, pelo que é com ela que melhor me identifico: a impulsividade e a teimosia são-nos comuns.

7) Já alguma vez se deparou com pessoas a ler um livro seu? Se sim, qual a sensação?

Infelizmente nunca me cruzei com ninguém que estivesse a ler um livro meu, mas familiares e amigos meus, já. Concordo que deve ser estranhíssimo! Mas já aconteceu estarem a falar de mim (não muito bem) à minha frente, sem associarem a minha figura à da escritora cujas críticas achavam tão descabidas.

8) Qual a sensação, ao deslocar-se a uma superfície comercial, e ver os seus livros à venda?

Isso só aconteceu agora, com "A Filha do Barão", porque está a ter a distribuição merecida. É bom, perturbador, dá vontade de olhar para toda a gente e dizer "fui eu, fui eu que o escrevi" e rir-me muito. Mas depois caio em mim e fico só orgulhosa de estar ali representada entre os big boys...

9) Quando está a escrever um livro partilha a história com alguém para se aconselhar?

Eu tento. Isto é: não pedir conselho, porque sou muito casmurra e a história tem de ser como a sinto sair de mim (muitas vezes à revelia daquilo que eu própria havia planeado de início). Mas tento ir partilhando a história para poder avaliar as reacções das pessoas. É isso que procuro quando escrevo: arrancar a reflexão/reacção tal. Às vezes preciso de saber se estou a direccionar bem a acção...

10) Qual o seu autor e livro favorito?

E Tudo o Vento Levou, Margaret Mitchell.

11) Segue o género literário do seu autor preferido, ou adopta outro?

Se for a ver, dentro dos romances históricos, partilhamos alguns traços... a complexidade das personagens, anti-heróis, a guerra e o conhecimento de si próprio são pontos em comum. Porém nunca poderia equiparar-me à grandiosa vencedora do Pulitzer de 1936...

12) Quando termina de escrever um livro, qual o sentimento?

Sinto que estou mais perto de poder morrer feliz.
13) Como vê o momento actual da Literatura em Portugal?

Apesar da crise, diria que as grandes paixões (como a literatura e os animais) mantém-se de pé. As pessoas continuam a investir naquilo que as faz felizes e que para elas tem importância. Por isso tenho visto cada vez mais escritores portugueses com os mais variados estilos a ganharem terreno face à literatura estrangeira. Boa, portugueses!

14) Como vê a divulgação dos bloggers literários?

Muito boa, felizmente. Confesso que sigo os blogues para opiniões de livros e novidades. As opiniões de alguns blogues já me têm ajudado a mudar de ideias quanto a adquirir livro X. Também tenho conhecido novos autores e obras através de alguns blogues que sigo com frequência.

15) Quer deixar alguma mensagem especial aos seguidores do blog Marcas de Leitura?

A minha mensagem tem sido sempre a mesma: não há nada de errado com ler autores estrangeiros, mas é um favor que fazem ao nosso país, à nossa cultura e às futuras gerações se celebrarem também o que é nacional J

Obrigada Célia pelas simpáticas e gentis palavras com que nos brindou e pelo tempo que nos dispensou.

Desejo-lhe os maiores sucessos e já agora espero continuar a vê-la desse lado!




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