“Amanhã faço 40 anos e
pergunto-me em qual das metades fui mais feliz ? Se nos primeiros 20 ou nos 20
seguintes ? Hum…
Lembro-me que passei os
primeiros 20 a desejar crescer e os últimos 20 a desperdiçar o tempo desejando
que ele passasse.
Cresci nos primeiros 10
anos com alma de Peter Pan o que me deu a confiança necessária
para nos 10 anos seguintes conquistar muita coisa, defini a minha
personalidade, “meio tuga meio croata”, joguei jogos de rua, caí da
bicicleta e subi novamente para cair mais algumas vezes….arrisquei quando
achei que devia fazê-lo, testei limites, zanguei-me sem razão, beijei sem
paixão, chorei e ri ao mesmo tempo… o resultado foi divertir-me, vivi e
saboreei as experiências, os momentos.
Na escola, o secundário foi
o mais marcante, tive um professor de Português que mandou a turma fazer um
trabalho o tema era Cantigas de Amor ou Cantigas de amigo, não me lembro, na
altura em que o entregou, quando chegou à minha vez disse-me que não me ia dar
nota porque nunca tinha lido nada assim… não sabia se havia de me dar um zero
ou um vinte, provavelmente eu estaria num patamar de criação e crítica que ele
próprio não alcançava, rindo-se de mim e dele próprio, concluímos que o
Português é mesmo assim, por vezes não entendemos o que nos pedem e por
sua vez as respostas não são as acertadas.
Outro professor de que
tenho memória é o de Filosofia, tive 18 valores e nunca entendi porquê, talvez
porque éramos dois loucos a filosofar !
Na época era moda falar em
gerir o tempo, não o aprendi com formações, planeamento ou mapas, mas sim
combinar 3 jantares na mesma noite (Alcântara, Cais Sodré e Bairro Alto),
consegui ir a todos sem que o partner desconfiasse que estava numa
“maratona” !
Os últimos 20 anos foram em busca do amor e não é que sou uma
sortuda e o encontrei … aos 31 anos… o amor da minha vida, a minha alma gémea,
o meu cúmplice!
Passaram 9 anos continuamos
a rir, às gargalhas como dois miúdos de escola, this is love !
Na vida, temos sempre
preferências, viagens, filmes, livros, músicas. Eu não viajo de avião, porque
tenho medo, por isso o destaque vai para Figueirinha (Arrábida), destaco um
filme que vi recentemente sobre dois vendedores de sucesso com 40 anos que
perderam o emprego e foram estagiar para o Google, vejam este filme, pois é incrível como as
respostas estão em Nós, mesmo nos momentos de dúvida e inexperiência. Um outro
filme que vi, “A Vida é Bela” manter o espírito de alegria e poupar quem
amamos !
A música … todas as dos
anos 80 !
Tive vários trabalhos, mas
o menos desafiante foi numa biblioteca do Politécnico, tinha 20 anos… se eu vos
contasse, o que posso concluir é que muitas, muitas pessoas iam naquela altura
à biblioteca, não para ler, pesquisar ou trabalhar, mas apenas para desarrumar.
Obrigada LEITORES, graças a isso, sei pesquisar assertivamente no Google.
Trabalhei num escritório de
advogados, eu era uma espécie de “faz tudo”…a maior parte dos processos eram
crime, não eram executivos… conheci muita gente, uma vez tive de ir à Policia
Judiciária (Conde Redondo) e paranóica e cheia de filmes, quando passei nos
calabouços, imaginei que por erro me prendiam. Uma outra vez cheguei a ir
buscar um recluso polaco a Marques da Fronteira, ele entrou no autocarro a
fumar, fomos corridos os 2 pelo condutor !
O advogado onde eu
trabalhava era giro, rico e inteligente, como podem ver não lhe faltavam
namoradas, algumas com o mesmo nome. Um dia meti as mãos pelos pés e num recado
dele para encomenda de flores, fui a Avenida de Roma e as flores e o recado
foram parar a outra Paula que não a certa….Ok, achei que aquilo se podia
complicar ainda mais e fui parar as Telecomunicações em 1997.Entreguei na
Telecel num projecto Netc, noboom da internet e dos
recarregáveis. Pela primeira vez soube o que era uma empresa, cresci, não em
termos de carreira ou salário mas bebi uma cultura que me lançou e abriu outras
portas.
Farta de antenas, entrei na
recuperação, cobranças, esmifras, como lhe queiram chamar. Vender a ideia a
alguém e convence-lo que deve pagar é fácil ? Certo é que esta profissão não é
de carrasco, é um misto de bombeiro, enfermeiro, psicólogo e o que eu mais
gosto e próximo da sua essência .. a de Grilo Falante.
Fiz amigos que perdi, pela
distância, pelo tempo e por causa das memórias dos telemóveis e dos cartões não
serem inteligentes e ter perdido os seus contactos…
Fiz amigos aos 6 anos
que reencontrei numa qualquer rua o ano passado e reconhecemo-nos…
Fiz amigos que afinal não
eram meus amigos, mas que de uma estranha maneira até sinto saudades…
Descobri que tenho
cumplicidades com colegas de trabalho e que um olhar ou um movimento é
suficiente para me entenderem.
Resisto ao Facebook … mas
rendo-me a um fim de tarde para dizer disparates !
Por último o meu Pedro, o
meu querido, fofo e enérgico filho, a minha grande e única Paixão.
As primeiras fraldas que
mudei ao Pedro, ficavam tal qual as calças desses adolescentes que vimos por
aí, debaixo do rabo… enfim tudo foi ao lugar, a Natureza manda.
Ora, o balanço é MUITO BOM
+ +, para fugir ao Excelente, que o Ministério da Educação fez questão de
abolir !
Afinal, o que o Mundo
espera de nós ? Ou devo ser eu a esperar do Mundo ?
Um desejo: quero preservar
a minha memória, os momentos que descrevi, outros que não me atrevo…porque aí
mora o mais belo sentido da vida, RECORDAÇÕES !
Obrigada por fazerem parte
da minha vida,
Luísa”
Obrigada por partilhares connosco estas tuas vivências J
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