quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Efemérides 18 de novembro

Pierre Bayle
















Marcel Proust


Romancista e crítico francês, nasceu a 10 de Julho de 1871 em Auteuil, perto de Paris, e morreu a 18 de Novembro de 1922, na capital francesa. Era uma criança débil e asmática mas também com uma inteligência e uma sensibilidade precoces. Até aos 35 anos movimentou-se nos círculos da sociedade parisiense. Depois da morte dos pais isolou-se no seu apartamento de Paris, onde se entregou profundamente à composição da obra-prima, A la recherche du temps perdu (Em Busca do tempo Perdido, 1914-27). Este imenso romance autobiográfico consta de sete volumes em que expressa as suas memórias através dos caminhos do subconsciente, e é também uma preciosa reflexão da vida em França nos finais do século XIX. A obra é como a sua vida: o reencontro de duas épocas, a tradição clássica e a modernidade. Proust é considerado o precursor do romance contemporâneo. Marcel Proust licenciou-se em Direito (1893) e Literatura (1895). Durante os anos de estudo foi influenciado pelos filósofos Henri Bergson, seu tio, e Paul Desjardins e pelo historiador Albert Sorel. Em 1896 publicou les Plaisirs et les jours uma colecção de versos e contos de grande valor e profundidade, muitos dos quais saíram nas revistas le Banquet e la Revue Blanche. A revista le Banquet (1892) foi fundada pelo próprio Marcel Proust em conjunto com amigos. É nesta altura que publica os seus primeiros trabalhos literários e biografias de pintores. Faz traduções de Ruskin, ensaia o relato romanesco da sua trajectória espiritual compondo Jean Santeuil, obra que fará silenciar por lhe parecer apressada e demasiado próxima do seu diário. A morte do pai (1903), da mãe (1905) e de um grande amigo, empurraram-no para a solidão, mas permanece financeiramente independente e livre para escrever. Através da reflexão que desenvolve obra Contre Sainte-Beuve, composta em 1907, aproxima-se já do grande livro A la recherche du temps perdu. Em 1909 priva-se de toda a vida social e quase de toda a espécie de comunicação. Em 1912 foram publicados no jornal "le Figaro" os primeiros extractos da obra. Proust cria um trabalho grandioso, escrito na primeira pessoa. Excepção na narrativa, Un Amour de Swann é a história de uma época. O mundo exterior e o mundo interior são originalmente identificados. Viajando no tempo, problematiza a modernidade e a existência maquinal a que ela nos condenou. É um trabalho realizado no reencontro de uma vida perdida e que se prolonga, por outro lado, numa metafísica sugerida, como é o caso do episódio da chávena de chá em que Proust nos quer transmitir que a realidade autêntica vive no nosso inconsciente e só uma viagem involuntária pela memória nos leva ao contacto com ela. A la recherche du temps perdu é uma história alegórica da sua vida, de onde são retirados os acontecimentos e os lugares. O autor projecta a sua própria homossexualidade nas personagens considerando-a, bem como a vaidade, o snobismo e a crueldade, o maior símbolo do pecado original. Proust é considerado precursor da nova crítica e fundador da crítica temática. Publicou ainda em 1919 Pastiches et mélanges.






Paul Bowles


Paul Bowles (1910-1999) Paul Bowles nasceu em Nova Iorque em 1910 e morreu a 18 de Novembro, em Tânger, onde vivia há mais de 50 anos. Jovem ainda, publicou alguns poemas em revistas. Como muitos da sua geração, embarcou para a Europa, à procura de novos ares. Paris era uma festa, e aí conheceu Gertrud Stein, que o convenceu de que não tinha jeito para a poesia e o aconselhou a viajar a Tânger, onde passou um Verão, tocando Mozart. A música era a outra paixão. Bowles compôs para peças de teatro, colaborou com cineastas e encenadores. 
Orson Welles, Elia Kazan, William Saroyan, Tennessee Williams. Em 1943, Leonard Bernstein dirigiria a sua composição "The wind remains the same". Fez várias recolhas de músicas tradicionais de Marrocos. Casou-se em 1937 com Jane Auer, depois Bowles, também escritora ("Duas Senhoras bem Comportadas"). Eram grandes viajantes e acabaram por conhecer meio mundo das letras e das artes. Losey, Visconti, Dali, Bacon, Gore Vidal, Carson McCullers, Burroughs, Ginsberg, Cage, Cecil Beaton, Cartier Bresson. Acabariam por fixar-se em Tânger, onde Bowles era conhecido como "l'écrivain américain". Depois da morte de Jane, Paul, que passara pelo nosso país em 1956, passaria a viajar menos. Apesar de no hall do seu apartamento, no edifício Itesa, na rue des Amoureux, onde o escritor recebia quem o quisesse visitar (e eram muitos os que debandavam a Tânger), entre as cinco e as seis, a hora do chá, se empilharem várias malas de viagem, vestígios de outros tempos com tempo, das longas travessias de barco, tão diferentes da confusão dos aeroportos de hoje. Ele, que em "O Céu que nos Protege", estabeleceu a célebre diferença entre viajante e turista. «Não se via como um turista, era um viajante. A diferença tem a ver em parte com o tempo, explicou. Enquanto o turista costuma voltar a correr para casa ao cabo de semanas ou meses, o viajante, que não pertence a um lugar mais que a outro, desloca-se com vagar, durante anos, de uma parte da terra para outra... «Outra diferença importante entre o turista e o viajante é o turista aceitar sem reservas a sua própria civilização; mas o viajante não, compara-a com outras e rejeita as que não lhe agradarem.» A ele agradou-lhe o deserto. «Lá não há nada além do vazio e é isso a beleza, o vazio.» Como belas eram as músicas do Rif, que ele recolheu, ou os contos que traduziu para o inglês, dos seu amigos marroquinos, como Mohamed Mrabet, que o acompanhou durante os últimos anos. "O Céu que nos Protege / The Sheltering Sky" é de longe o seu romance mais conhecido, apesar das dificuldades que teve para arranjar um editor que o quisesse publicar. Mais conhecido se tornou quando Bertolucci o levou ao cinema (por cá passou com o título "Um Chá no Deserto"), com John Malkovich e Debra Winger nos papéis de Port e Kit, o casal americano que atravessa o Sara, arriscando-se continuamente e atraiçoando-se, até que a morte ou a loucura os alcança. Este romance, como de resto, toda a obra ficcional de Bowles, reflecte o absurdo do mundo moderno, a crueza, a corrupção. O desejo surge com a inocência de quem não compreende nem julga. Aliás, nos romances e contos de Bowles não há culpados, há uma hierarquia de valores, uma explicação do humano. Para além de "O Céu que nos Protege", em português pode ainda encontrar os livros "A Missa do Galo" e "Deixai a Chuva Cair". Refira-se também o álbum "My Tangier"(1991), de Daniel Blaufuks, com belíssimas fotos do escritor e dois textos inéditos que Bowles lhe ofereceu para esta edição.










Manuel António Pina




Jornalista e escritor, Manuel António Pina nasceu no ano de 1943 em 18 de Novembro, no Sabugal, na Beira Alta, e faleceu a 19 de outubro de 2012, no Porto. Licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, em 1971, exerceu a advocacia e foi técnico de publicidade. Abraçou a carreira de jornalista no
 Jornal de Notícias, onde passou a editor. A sua colaboração nos media também se distribui pela rádio e pela televisão.
Autor de livros para a infância e juventude e de textos poéticos, a sua obra apresenta uma grande coesão estrutural e reflete uma grande criatividade, exige do leitor um profundo sentido crítico e descodificador."Brincando" com as palavras e os conceitos, num verdadeiro trocadilho, Manuel António Pina faz da sua obra um permanente "jogo de imaginação", tal labirinto que obriga a um verdadeiro trabalho de desconstrução para se encontrar a saída.
Afirmou-se como uma das mais originais vozes poéticas na expressão pós-pessoana da fragmentação do eu, manifestando, sobretudo a partir de Nenhum Sítio, sob a influência de T. S. Elliot, Milton ou Jorge Luis Borges, uma tendência para a exploração das possibilidades filosóficas do poema, transportando a palavra poética "quer para a investigação do processo de conhecimento quer para a investigação do processo de existência literária" (cf. MARTINS, Manuel Frias - Sombras e Transparências da Literatura, Lisboa, INCM, 1983, p. 72). 
Transmissora de valores, muita da sua obra infantil e juvenil é selecionada para fazer parte dos manuais escolares, sendo também integrada em antologias portuguesas e espanholas.
Os seus textos dramáticos são frequentemente representados por grupos e companhias de teatro de todo o país e a sua ficção tem constituído o suporte de alguns programas de entretenimento televisivo, de que é exemplo a série infantil de doze episódios
 Histórias com Pés e Cabeça, 1979/80.
Como escritor, é autor de vários títulos de poesia, novelas, textos dramáticos e ensaios, entre os quais: em poesia -
 Nenhum Sítio (1984), O Caminho de Casa (1988), Um Sítio Onde pousar a Cabeça (1991),Algo Parecido Com Isto da Mesma Substância (1992); Farewell Happy Fields (1993), Cuidados Intensivos(1994), Nenhuma Palavra e Nenhuma Lembrança (1999), Le Noir (2000), Os Livros (2003); em novela - O Escuro (1997); em texto dramático - História com Reis, Rainhas, Bobos, Bombeiros e Galinhas (1984), A Guerra Do Tabuleiro de Xadrez (1985); no ensaio - Anikki - Bóbó (1997); na crónica - O Anacronista(1994); e, finalmente, na literatura infantil - O País das Pessoas de Pernas para o Ar (1973), Gigões e Anantes (1978), O Têpluquê (1976), O Pássaro da Cabeça (1983), Os Dois Ladrões (1986), Os Piratas(1986), O Inventão (1987), O Tesouro (1993), O Meu Rio é de Ouro (1995), Uma Viagem Fantástica (1996),Morket (1999), Histórias que me contaste tu (1999), O Livro de Desmatemática e A Noite, obra posta em palco pela Companhia de Teatro Pé de Vento, com encenação de João Luís.
A sua obra tem merecido, frequentemente, destaque, tendo sido já homenageado com diversos prémios, como, por exemplo, o Prémio Literário da Casa da Imprensa, em 1978, por
 Aquele Que Quer Morrer; o Grande Prémio Gulbenkian de Literatura para Crianças e Jovens e a Menção do Júri do Prémio Europeu Pier Paolo Vergerio da Universidade de Pádua, em 1988, por O Inventão; o Prémio do Centro Português de Teatro para a Infância e Juventude, em 1988, pelo conjunto da obra; o Prémio Nacional de Crónica Press Clube/Clube de Jornalistas, em 1993, pelas suas crónicas; o Prémio da Crítica da Associação Portuguesa de Críticos Literários, em 2001, por Atropelamento e Fuga; e o Prémio de Poesia Luís Miguel Nava e o Grande Prémio de Poesia da APE/CTT, ambos pela obra Os Livros, recebidos em 2005. Em 2011 foi-lhe atribuído o Prémio Camões. Já a título póstumo foi ainda galardoado com o Prémio de Poesia Teixeira de Pascoaes, pelo livro «Como se Desenha uma Casa», e com o Prémio Especial da Crítica dos Prémios de Edição Ler/Booktailors 2012, pelo livro Todas as Palavras – Poesia Reunida.









Efemérides/18 de novembro

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