Sinopse
Faz o Sol por ti antes que arda.
Faz a chuva por ti antes que chores.
Faz a Lua por ti antes do dia.
Faz um sonho por ti antes do pequeno-almoço.
Faz um filho por ti com alguém.
Faz um negócio por ti por dinheiro.
Faz um vestido, não por ti, mas pelo teu
corpo.
Faz um caminho por ti antes que te doam as
pernas pela falta de uso.
Faz um festival da canção, afasta a mesa da
sala, usa uma escova como microfone, faz as canções todas do mundo por ti e as
brilhantinas todas do mundo por ti.
Faz uma corrida por alguém e corta por ti a
meta.
Corta por ti uma laranja e sorve o sumo por
uma pessoa só se tiveres muita sede.
Faz por ti um facho… e alumia quem te segue.
Faz por ti com rigor mesmo rodeado de
indolentes.
Faz por ti com calma mesmo assolado por
patrões.
Faz por ti a coragem e serás assustador
sempre que for preciso.
Faz por ti a sabedoria e saberás sempre que
estiveres calado.
Não faças pouco de ti.
Não faças pouco dos outros.
Faz por ti como o dia quando acordas.
Sobre o autor
João Negreiros
João
Negreiros nasceu em Matosinhos a 23 de Novembro de 1976.
Muito
novo, escrevia já teatro, poesia e prosa poética.
Em
2009, o escritor foi o primeiro classificado no Prémio Internacional OFF FLIP
de Literatura, categoria poesia, no Brasil. Em Portugal, entre outros prémios,
João Negreiros venceu o Prémio de Poesia Nuno Júdice, cujo júri comparou a sua
poesia à de Fernando Pessoa. Mais recentemente, venceu o Prémio Literário Dias
de Melo com o seu primeiro romance, “O Sol Morreu Aqui”, considerado pelos
membros do júri um marco importante na literatura portuguesa.
No
âmbito da poesia, publicou quatro livros: “o cheiro da sombra das flores”,
“luto lento”, “a verdade dói e pode estar errada” e “o amor és tu”. Na área do
teatro, a sua obra foi crescendo, tendo hoje quatro peças editadas, “Silêncio”,
“Os Vendilhões do Templo”, “O segundo do fim” e “Os de sempre”. Relativamente a
prosa, o primeiro livro do autor a ser editado foi “O mar que a gente faz”.
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