Denis Diderot
Denis Diderot nasceu
em Langres a 5 de Outubro de 1713, tendo vindo a falecer em Paris a 31 de Julho
de 1784. Na qualidade de filósofo e escritor escreveu Carta Sobre os
Cegos - para uso daqueles que vêem e A Enciclopédia (1750-72), considerada a sua obra maior, que,
apesar da oposição da Igreja Católica e dos poderes estabelecidos, levou a cabo
com empenho e entusiasmo. Publicou também algumas peças teatrais (de pouco
êxito), destacando-se particularmente nos romances (seguindo as normas de
alguns humoristas ingleses, em especial de Stern); A Religiosa, O Sobrinho de Rameau, Jacques, o
Fatalista e o Seu Mestre. A ele se devem ainda numerosos artigos de
crítica de arte. Diderot fez da literatura um ofício, nunca esquecendo, porém,
a sua condição de filósofo. Preocupavam-no a natureza do homem, a sua condição,
os seus problemas morais e o sentido do destino.
Poderão ler as primeiras páginas aqui
Sinopse
Como se haviam encontrado? Por acaso, como toda a
gente. Como se chamavam? Que vos interessa isso? Donde vinham? Do lugar mais
próximo. Para onde iam? Sabe alguém para onde vai? Que diziam? O amo não dizia
nada e Jacques dizia que o seu capitão dizia que tudo o que nos acontece de bem
e de mal cá em baixo está escrito lá em cima. «
O Amo — Aí está uma grande frase!
Jacques — O meu capitão acrescentava que cada bala que partia de uma espingarda tinha o seu destino.
O Amo — E tinha razão...» Após uma curta pausa, Jacques exclamou: «Diabos levem o taberneiro mais a sua taberna!»
O Amo — Porquê mandar o próximo para o diabo? Isso não é cristão.
Jacques — É que, quando me embebedava com a zurrapa dele, esquecia-me de levar os cavalos a beber. O meu pai dava por isso e zangava-se. Eu abanava a cabeça mas ele pega num pau e dá-me uma esfrega nos ombros bastante dura. Ia a passar um regimento a caminho do acampamento em frente de Fontenoy, e eu, por despeito, alisto-me. Chegamos; trava-se a batalha...
O Amo — E recebes a bala que te ia destinada.
Jacques — Adivinhastes; um tiro no joelho. E sabe Deus as boas e más aventuras provocadas por este tiro. Estão tão exac- tamente agarradas umas às outras como os elos da corrente do cavalo. Por exemplo, se não fora aquele tiro, acho que nunca na minha vida ficaria apaixonado, nem coxo.
O Amo — Estiveste então apaixonado?
Jacques — Se estive!...
O Amo — E isso por causa de um tiro?
Jacques — Por causa de um tiro.
O Amo — Nunca me disseste uma palavra sobre isso.
Jacques — Acho que não.
O Amo — E então porquê?
Jacques — Porque não podia ter sido dito nem mais cedo nem mais tarde.
O Amo — E chegou agora o momento de saber desses amores?
Jacques — Quem sabe?
O Amo — Seja como for, começa lá...» Jacques começou a história dos seus amores. Era depois do jantar. Estava um tempo pesado, e o amo adormeceu. A noite surpreendeu-os em pleno campo; ei-los perdidos. E temos o amo numa fúria terrível, caindo sobre o criado com grandes chicotadas, e o pobre diabo dizendo a cada uma: «Pelos vistos, também esta estava escrita lá em cima.»
O Amo — Aí está uma grande frase!
Jacques — O meu capitão acrescentava que cada bala que partia de uma espingarda tinha o seu destino.
O Amo — E tinha razão...» Após uma curta pausa, Jacques exclamou: «Diabos levem o taberneiro mais a sua taberna!»
O Amo — Porquê mandar o próximo para o diabo? Isso não é cristão.
Jacques — É que, quando me embebedava com a zurrapa dele, esquecia-me de levar os cavalos a beber. O meu pai dava por isso e zangava-se. Eu abanava a cabeça mas ele pega num pau e dá-me uma esfrega nos ombros bastante dura. Ia a passar um regimento a caminho do acampamento em frente de Fontenoy, e eu, por despeito, alisto-me. Chegamos; trava-se a batalha...
O Amo — E recebes a bala que te ia destinada.
Jacques — Adivinhastes; um tiro no joelho. E sabe Deus as boas e más aventuras provocadas por este tiro. Estão tão exac- tamente agarradas umas às outras como os elos da corrente do cavalo. Por exemplo, se não fora aquele tiro, acho que nunca na minha vida ficaria apaixonado, nem coxo.
O Amo — Estiveste então apaixonado?
Jacques — Se estive!...
O Amo — E isso por causa de um tiro?
Jacques — Por causa de um tiro.
O Amo — Nunca me disseste uma palavra sobre isso.
Jacques — Acho que não.
O Amo — E então porquê?
Jacques — Porque não podia ter sido dito nem mais cedo nem mais tarde.
O Amo — E chegou agora o momento de saber desses amores?
Jacques — Quem sabe?
O Amo — Seja como for, começa lá...» Jacques começou a história dos seus amores. Era depois do jantar. Estava um tempo pesado, e o amo adormeceu. A noite surpreendeu-os em pleno campo; ei-los perdidos. E temos o amo numa fúria terrível, caindo sobre o criado com grandes chicotadas, e o pobre diabo dizendo a cada uma: «Pelos vistos, também esta estava escrita lá em cima.»
Outras Críticas
«A personagem do amo idiota faz talvez mais justiça
à mestria de Diderot do que a personagem do criado tonto. O amo é apenas
brilhantemente estúpido, o que talvez tenha sido mais difícil de alcançar do
que um tonto absolutamente brilhante.»
Friedrich Schlegel
Friedrich Schlegel
Sinopse
A atividade filosófica é
para Diderot uma atividade de intervenção, na qual se trata menos de fazer as
contas ao cair da noite do que de estar sempre curioso das novidades e das
alterações em curso, de acompanhá-las, encorajá-las e, numa certa medida, de
participar na aventura. Com maior razão quando a aventura intelectual pode
produzir efeitos de transformação generalizada muito para além da esfera onde
tiveram origem. Os Pensamentos sobre a interpretação da natureza apresentam-se
em primeiro lugar como um texto consagrado à atualidade científica. Diderot
cita Buffon e Maupertuis, comenta e discute as suas proposições, interessa-se
pela química, pela física, pela medicina, propõe uma reflexão sobre o método e
os objetos da ciência experimental.
Lineu Dias
Lineu Moreira Dias foi um ator, contista, poeta,
dramaturgo e tradutor brasileiro. Foi casado com a atriz Lilian Lemmertz e é
pai da atriz Júlia Lemmertz.Wikipédia
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