Dinis I de Portugal
Filho de Afonso III de Portugal e de D.
Beatriz de Castela, D. Dinis nasceu em Lisboa, a 9 de Outubro de 1261. Se pouco
se sabe da sua infância, sabemos, no entanto, que, logo em 1265, acompanhado de
sua mãe e de um contingente militar, visita o seu avô Afonso X em Sevilha,
viagem relacionada com a questão do Algarve, cuja resolução implicou o envio de
reforços portugueses para os esforços de guerra na Andaluzia. Em 1278 recebe
casa própria, e, logo no ano seguinte, por morte de seu pai, sobe ao trono. De
1279, pois, até 1325, data da sua morte, D. Dinis protagoniza um dos mais
longos e também mais brilhantes reinados portugueses, em parte beneficiando da
paz que o final da guerra de reconquista cristã na faixa ocidental da Península
tinha tornado efetiva.
Os primeiros e os últimos anos do seu reinado não foram, no entanto, isentos de conflitos. Logo após a sua subida ao trono, e ao mesmo tempo que surgiam sérias desavenças com sua mãe (que pretenderia um papel político mais ativo e que acabou por se afastar para Espanha, para junto de seu pai), teve de enfrentar ainda a rebelião do seu irmão, D. Afonso, senhor de Portalegre e Arronches, conflito que se arrastou, entre tréguas prolongadas, de 1281 a 1299. Tendo casado, também em 1281, com Isabel de Aragão, D. Dinis ia adquirindo, entretanto, nesses anos, um prestígio crescente, sanando velhos conflitos com o clero (de que resultou a assinatura da Concordata com a Santa Sé em 1289), fundando a primeira universidade portuguesa (1288-90) e estabelecendo limites territoriais muito favoráveis com Castela (como o importante tratado de Alcanices, assinado em 1297). Esse prestígio, que é também peninsular, é visível no papel de mediador que foi chamado a desempenhar nos anos seguintes no complexo xadrez político dos reinos vizinhos, e que implicou mesmo, em 1304, uma prolongada viagem ao reino de Aragão (Tarrazona).
Do ponto de vista interno, prolongando a política centralizadora de seu pai e procurando limitar os abusos da nobreza, logo em 1284 manda instaurar novas inquirições, que se prolongam até 1304, gerando não poucas polémicas e contestação, e acumulando tensões, tensões essas que em parte explicam os difíceis anos finais do seu reinado, anos em que teve de enfrentar a rebelião do seu primogénito, o infante herdeiro D. Afonso (futuro Afonso IV). De facto, o infante, alegando o favoritismo que o rei visivelmente demonstrava pelo seu filho bastardo Afonso Sanches, e congregando à sua volta um vasto conjunto de nobres descontentes, inicia, em 1321, uma guerra aberta com seu pai, na qual D. Isabel teve um importante papel de mediadora, mas que apenas se conclui, mediante consideráveis concessões do monarca, em 1324, um ano antes da sua morte, ocorrida a 7 de Janeiro de 1325.
Para além dos seus dois filhos legítimos (D. Afonso e D. Constança, que se casará com Afonso XI de Castela), D. Dinis teve pelo menos mais seis filhos bastardos, de várias ligações, entre os quais é justo destacar dois deles, ambos trovadores, o já referido Afonso Sanches (filho de Aldonça Gomes da Telha), e D. Pedro, conde de Barcelos (filho de Gracia Anes), cujas biografias integram também esta base de dados.
Os primeiros e os últimos anos do seu reinado não foram, no entanto, isentos de conflitos. Logo após a sua subida ao trono, e ao mesmo tempo que surgiam sérias desavenças com sua mãe (que pretenderia um papel político mais ativo e que acabou por se afastar para Espanha, para junto de seu pai), teve de enfrentar ainda a rebelião do seu irmão, D. Afonso, senhor de Portalegre e Arronches, conflito que se arrastou, entre tréguas prolongadas, de 1281 a 1299. Tendo casado, também em 1281, com Isabel de Aragão, D. Dinis ia adquirindo, entretanto, nesses anos, um prestígio crescente, sanando velhos conflitos com o clero (de que resultou a assinatura da Concordata com a Santa Sé em 1289), fundando a primeira universidade portuguesa (1288-90) e estabelecendo limites territoriais muito favoráveis com Castela (como o importante tratado de Alcanices, assinado em 1297). Esse prestígio, que é também peninsular, é visível no papel de mediador que foi chamado a desempenhar nos anos seguintes no complexo xadrez político dos reinos vizinhos, e que implicou mesmo, em 1304, uma prolongada viagem ao reino de Aragão (Tarrazona).
Do ponto de vista interno, prolongando a política centralizadora de seu pai e procurando limitar os abusos da nobreza, logo em 1284 manda instaurar novas inquirições, que se prolongam até 1304, gerando não poucas polémicas e contestação, e acumulando tensões, tensões essas que em parte explicam os difíceis anos finais do seu reinado, anos em que teve de enfrentar a rebelião do seu primogénito, o infante herdeiro D. Afonso (futuro Afonso IV). De facto, o infante, alegando o favoritismo que o rei visivelmente demonstrava pelo seu filho bastardo Afonso Sanches, e congregando à sua volta um vasto conjunto de nobres descontentes, inicia, em 1321, uma guerra aberta com seu pai, na qual D. Isabel teve um importante papel de mediadora, mas que apenas se conclui, mediante consideráveis concessões do monarca, em 1324, um ano antes da sua morte, ocorrida a 7 de Janeiro de 1325.
Para além dos seus dois filhos legítimos (D. Afonso e D. Constança, que se casará com Afonso XI de Castela), D. Dinis teve pelo menos mais seis filhos bastardos, de várias ligações, entre os quais é justo destacar dois deles, ambos trovadores, o já referido Afonso Sanches (filho de Aldonça Gomes da Telha), e D. Pedro, conde de Barcelos (filho de Gracia Anes), cujas biografias integram também esta base de dados.
Ũa pastor
se queixava
muit' estando noutro dia,
e sigo medês falava
e chorava e dizia
com amor que a forçava:
«par Deus, vi-t' en grave dia,
ai amor!»
Ela s' estava queixando,
come molher con gram coita
e que a pesar, des quando
nacera, non fôra doita,
por en dezia chorando!
«Tu non és se non mia coita,
ai, amor!»
Coitas lhi davam amores,
que non lh' eram se non morte,
e deitou-s' antr' ũas flores
e disse con coita forte:
«Mal ti venha per u fores,
ca non és se non mia morte,
ai, amor!»
muit' estando noutro dia,
e sigo medês falava
e chorava e dizia
com amor que a forçava:
«par Deus, vi-t' en grave dia,
ai amor!»
Ela s' estava queixando,
come molher con gram coita
e que a pesar, des quando
nacera, non fôra doita,
por en dezia chorando!
«Tu non és se non mia coita,
ai, amor!»
Coitas lhi davam amores,
que non lh' eram se non morte,
e deitou-s' antr' ũas flores
e disse con coita forte:
«Mal ti venha per u fores,
ca non és se non mia morte,
ai, amor!»
El-rei D. Dinis, n.os 102 do cancioneiro
da Vaticana e 519 do Cancioneiro
Colocci-Brancuti.
Sem comentários:
Enviar um comentário