quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Porta Fechada de Aniladi Candimba

Porta Fechada

Sinopse

Falar deste livro é demasiado embaraçoso. Embora possa não parecer, sou tímida e portanto sinto-me inibida quando se trata de divagar sobre o que me vai na alma. Este pequeno romance é uma espécie de punhado de fragmentos de vidas, em que se fala de frustrações e de esperança.
Não obstante se diga que tudo quanto fazemos tem um pouco de autobeografia, a ideia não foi, de modo algum, citar a minha história, mesmo porque, se o fizesse, seria dramático pois não teria piada alguma.
A personagem deste texto é uma figura de espírito elevado, que procura encontrar-se em cada etapa da sua vida.
Ela não se esconde nem se protege da culpa. Inversamente, localiza todas as pontas do sofrimento, como se quisesse flagelar-se até ao mais profundo da dor.
Por vezes, a protagunista recorda o que deixou para trás e fica desconfiada, de mal com o mundo. Depois, parece lembrar-se de algo e subitamente esquece a desconfiança, tornando-se dócil.
O cómico e o grotesco juntam-se à ternura da paisagem, procurando um final feliz.
A imaginação deu a mão a pedaços de realismo desconcertante e o texto fez-se alegre e poético.
Vale a pena seguir Helena, apesar da controvérsia, apesar da aparente hecatombe.
 “Sou humilde demais! A definição de mim é extremamente difícil, por ser pouco óbvia e impessoal! Apareço nos sonhos, baloiço nas folhagens, sinto‑me mordido e pisado nas rasteiras ervas que proliferam nos campos e à beira dos caminhos. Sopro no vento e brilho com o sol, enfim...
Sou tudo e, paradoxalmente, envolvo‑me em insignificâncias pois represento nada de palpável e só me é dado um corpo na imaginação dos que protejo.
É aqui que me encontro a contar esta história, despida de vaidades, ajudando a consolidar o pensamento.
Se tiverem paciência de a ler, pensem em mim. Eu estarei convosco para ajudar a compreendê‑la!”

Idalina Pereira Coelho é natural de uma pequena aldeia do concelho de Resende, distrito de Viseu, em plena serrania na Beira Alta.

Ali nasceu em 7 de Fevereiro de 1959, partindo para Angola quando tinha 7 anos, integrada numa numerosa família de parcos recursos.

Era a sexta dos filhos do casal, que ainda viria a ter mais dois elementos na prole.

Atingida por uma meningite, cegou em muito tenra idade e assim, desde cedo sentiu o

peso da descriminação resultante dessa deficiência, o que re condicionou fortemente os primeiros anos da vida... E os restantes também!

Em Fevereiro de 1973, ingressou no Instituto Óscar Ribas, uma escola vocacionada para a habilitação e reabilitação de deficientes visuais, recém aberta em Luanda, onde iniciou os seus estudos, fazendo o exame da 4ª classe no ano de 1974, como aluna externa, perante um júri nomeado pela escola oficial da área de localização do Instituto.

No ano lectivo de 1974/75, ingressou na Escola Preparatória D. João I, em Luanda, sendo uma das duas primeiras pessoas cegas a frequentar uma escola de ensino regular oficial, naquilo que foi uma prática de integração, a nível de Portugal, e que deu resultados positivos.

Regressando a Portugal, na prespectiva da independência de Angola poder configurar uma situação de guerra, como de facto aconteceu, retomou os estudos que, por razões diversas, só levaria ao 11º Ano, incompleto, vindo a concluir o 12º muito recentemente.

Perante a necessidade de angariar meios de subsistência, coisa que a cegueira complicava, trabalhou como telefonista, vendeu lotaria e regressou aos telefones, sendo

actualmente operadora num agrupamento de escolas em Peniche.

Jamais virou a cara à luta, nomeadamente ao constituir família, seguindo sempre de muito perto o crescimento dos dois filhos, quer no aspecto físico quer no da formação social e intelectual, no que fazia questão de se empenhar, por forma a que eles não viessem a ser estigmatizados pelo facto de terem pais cegos.

Desde cedo experimentou criar textos, tanto em verso como em prosa, mas só recentemente decidiu lançar mãos a um texto de certo fôlego, “Porta Fechada”.

Não é, pois, uma escritora, mas tão somente alguém que gosta de escrever, que tem grande imaginação e, principalmente, uma mão cheia de memórias, de algumas das quais desconhece a origem.

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