quarta-feira, 20 de maio de 2015

Entrevista a Andreia Ferreira



Nascida e criada em Braga, Andreia Ferreira escreveu o seu primeiro conto aos 12 anos. Licenciou-se em Línguas e Literaturas Europeias na Universidade do Minho e administra desde Junho de 2010 o blogue dedicado a livros http://d311nh4.blogspot.com/
“Soberba Escuridão” é o seu primeiro romance.





Estivemos à conversa com Andreia Ferreira de uma simpatia extrema. 
Obrigada Andreia foi um prazer J


1) Fale-nos um pouco sobre si?
Esta deve ser a pergunta mais difícil de responder de todos os tempos. A minha irmã mais nova, quando se chateia comigo, costuma dizer que eu tenho uma ideia muito errada de mim mesma. Não temos todos?
Adoro pensar, adoro assuntos que me façam pensar e temo aqueles que me fazem pensar demais.
Gosto de estar em sociedade, sou uma city person (além disso, tenho fobia a insetos), mas o barulho incomoda-me. Canso-me rápido das coisas e são raras as pessoas e assuntos que me marcam verdadeiramente.
Quando me apaixono, é para valer. Aqui refiro-me a todos os tipos de amor, seja ele a paixão, a amizade...
2) Quando começou sua paixão pelos livros e o gosto pela escrita?
Segundo a minha mãe, que me conhece há mais tempo do que eu, foi desde que aprendi a pedir coisas. Queria livros e revistas e mal sabia falar. Ela bem me dizia: "Para que queres isso, se não sabes ler?" e eu insistia que queria "Mônicas"(Revistas da Turminha da Mônica).
Mais tarde, veio a coleção "Uma aventura", à semelhança de grande parte das crianças da minha geração, e "Arrepios", que me deu a certeza de que adoro ter medo.
3) O que a levou a escrever sobre o género sobrenatural?
O medo é o sentimento mais complexo que somos capazes de sentir. Ninguém pode afirmar o que faria naquela ou noutra situação, porque o instinto tende a falar mais alto e verifica-se de que este expressa-se de maneira diferente em cada um de nós.
É certo que o medo surge na realidade, face a perigos que caminham ao nosso lado no dia a dia, mas o que realmente nos consegue deixar de cabelos em pé é o desconhecido.
Um homem que admiro, pela sua força e equidade no modo como encara as dificuldades da vida, um dia disse-me: "Tenho medo daquilo que não consigo ver."
Eu, como escritora, adoro explorar esse sentimento. O que não quer dizer que me dedicarei apenas ao sobrenatural.
4) Dos livros já publicados, qual o seu personagem favorito e de onde surgem, imaginação ou realidade?
Dos meus livros, apaixonei-me pelo Ricardo e pela Ana. Engraçado que nunca pensei que eles acabassem por ter tanta relevância na história, mas aqui estão eles, com uma carga pesada nas costas e com um pendor decisivo no desfecho.
São 90% imaginação. Os restantes 10% devem-se a falas, a comportamentos e outros traços que roubo às pessoas que passam na minha vida.
5) Já alguma vez se deparou com pessoas a ler um livro seu? Se sim, qual a sensação?
Sim. É das melhores sensações do mundo.
O que quero com os meus livros? Leitores. Ajudem-me a ter leitores!!!!! ;)
6) Qual a sensação, ao deslocar-se a uma superfície comercial, e ver os seus livros à venda?
Eu, pessoalmente, acho-os lindíssimos. As capas foram elaboradas com muito gosto e deixam um certo ar de mistério. Logo, não sei porque não enfeitar as estantes com eles por todo o país, eheh.
Só tive o agrado de os ver em exposição na Bertrand, naqueles blocos no centro das livrarias, juntamente com as novidades da altura.
7) Quando está a escrever um livro partilha a história com alguém para se aconselhar?
Sim. Não me calo com isso. Fico um pouco obcecada com a história e converso com as minhas pessoas como se tivesse a falar de situações reais e pergunto coisas como: "O que farias nessa situação?"
Estou de momento a rabiscar mentalmente e no pc um novo projeto e já estou a ficar vidrada outra vez.
8) Qual o seu autor e livro favorito, segue o seu género literário?
Não dá para responder.
Sou fã incondicional do Harry Potter (sim, mais uma), adorava conhecer a J.K.Rowling. Admiro imenso o Stephen King (que explora o medo como ninguém) e vou descobrindo outros senhores/as que me levam a fazer-lhes a vénia por este ou por aquele motivo. Seja pela mestria de diálogos, enredos complexos, pluralismo de personagens(que não sei como se desenrascam e fazem tudo ter lógica no final)...
Recentemente, algumas jovens autoras portuguesas têm surpreendido pela positiva. Pelo árduo esforço em pesquisas para histórias com elevado teor histórico e pela perseverança a manter um registo único com imensos twists finais. (Adoro twists!)
9) Quando termina de escrever um livro, qual o sentimento?
Alívio! Chega a um ponto que estou mesmo consumida e não vejo a hora de o ver terminado para poder respirar de novo. Depois, olho para ele, mexo-lhe nalgumas passagens, dou-lhe mais qualquer coisa e quando está mesmo terminado, fico nostálgica...
10) Como vê o momento actual da Literatura em Portugal?
A crescer, felizmente. Temos ótimos autores para todos os géneros que precisam de ser mais publicitados.
Acredita em mim quando te digo que não há melhor publicidade do que a "boca a boca". Por isso, quando tiveres lido um livro que tenhas mesmo gostado, fala dele a toda a gente que conheces e ajuda esse autor a crescer.
11) Como vê a divulgação dos bloggers literários?
Eu própria estou nesse "ramo" e acho-o importante. Mais fidedigno do que outros tipos de publicidade. Porém, há muitos bloggers presos à ideia de que, lá por lhes ter sido oferecido pela editora, não podem falar "mal" do livro e isso leva-nos a ter de filtrar os blogues. Outro problema dos blogues assenta no tamanho dos textos. Na minha opinião, uma crítica não tem de ser estupidamente extensa. Leituras de internet são rápidas e persuasivas, não textos académicos.
12) Quer deixar alguma mensagem especial aos seguidores do blog Marcas de Leitura?

Leiam os soberbas. Se não gostarem, não desistam de mim, porque ainda agora comecei. Outros temas virão! ;)

Obrigada Andreia pelas simpáticas e gentis palavras com que nos brindou e pelo tempo que nos dispensou.

Desejo-lhe os maiores sucessos!









2 comentários:

  1. Uma entrevista muito interessante. Ainda que os temas tratados pela autora não sejam da minha especial preferência, isso fez aumentar a minha curiosidade.
    Já tenho mais um livro para ler nas férias...

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