Estivemos à conversa com Maria Israel de uma simpatia extrema.
Obrigada pelas simpáticas e gentis palavras com que nos brindou e pelo tempo que nos dispensou.
1) Maria fale-nos
um pouco sobre si?
Sou
uma mulher multifacetada... fui cabeleireira, tal como a minha mãe durante 30
anos, radialista numa rádio local após a explosão das rádios, e mais tarde para
tratar um problema de saúde de uma das minhas filhas vim para Lisboa. Por essa
altura voltei aos estudos fiz Bacharelato em Historia e paralelamente tirei o
curso se escultura em cerâmica no A.R.C.O e depois disso dei aulas em várias
escolas e em varias instituições do concelho de Almada, mais tarde tive aulas
com uma pintora conhecida Mira Sousa Dias.
2) Quando começou sua paixão pelos livros e o gosto pela escrita?
Surge pouco depois da
morte da minha filha mais velha. Comecei a escrever o que não conseguia nem me
deixavam dizer e fazer, porque a vida e a renda casa e tantas outras coisas,
não se compadeceu (nem compadece) com a dor de perder o ser que demos ao mundo,
é normal irmos a enterrar o nossos pais, mas os nossos filhos não...mas eu sei
que nada acontece por acaso, todos temos uma missão na vida e a da minha filha
também teve a dela... ela foi, e é sem sombra de dúvida a minha musa
inspiradora. Mais tarde quando fui radia-lista essa paixão cresceu ainda mais.
Em meados dos anos oitenta voltei aos estudos e nessa altura conheci uma mulher
que me ensinou muito, as aulas de Português era sempre curtas, a Dra. Luísa
Ramos para alem da matéria que dava, enriqueceu-nos com vocabulário riquíssimo
e embuído de muita poesia. Dai para a frente a apaixonei-me pelo conto. Adoro
escrever sobre Mulheres e curiosamente o meu primeiro livro chama-se Biografia
de Mulheres.
3) “A Redenção de Guadalest” é um livro com uma temática muito forte, o que a levou a escrever sobre um tema que atinge milhares de mulheres e não só?
A
Redenção de Guadelest, esteve muitos anos na gaveta porque não tinha ainda
chegado a hora de sair de lá...o que me levou a escrever sobre um tema tão
forte, foi sem duvida foi ter vivido sempre rodeadas de mulheres e crianças
vítimas de violência. Enquanto cabeleireira, vi muito olho negro, vitima da
porta do armário, muito rosto negro disfarçado com camadas de base e sombra,
braços desmembrados disfarçados em quedas...mais tarde trabalhei em instituição
onde convivi com crianças e mulheres que eram vítimas de maus tratos.
Infelizmente conheci vítimas de vários tipo de violência, física cultural,
psicologia, e perpetradas por homens oriundos dos mais variados extratos
sociais...
4) Quando terminou de escrever o livro, qual o sentimento?
Talvez
um sentimento de dever cumprido. Um grito de esperança... Dizer a todas as
mulheres que estão ainda amordaçadas e estão ainda a sofrer, que a cada
anoitecer antecede a um novo alvoreceu. Não podemos perder a fé.
5) Qual a sensação ao editar o livro pela Capital Books?
Parece-me
ainda um sonho. A Capital Books abriu-me a porta para, ou melhor dizendo, a
gaveta onde guardo muitas outras histórias. A Capital Books é uma editora com
pessoas jovens com uma visão muito além.
6) Qual o seu autor e livro favorito, segue o seu género literário?
Tenho
vários, José Cardoso Pires, Lobo Antunes, Alçada Batista Pablo Naruda, Robi
Sharma Paulo Coelho, Maria Roma, Susanna Tamaro Isabel Allande, tenho tantos, é
uma pergunta complicada , por isso é difícil definir um género. Gosto de um
autor que me prenda do primeiro ao ultimo minuto.
7) Já se deparou com pessoas a ler o seu livro? Se sim, qual a sensação?
Não
consigo ainda ver isso, mas quando isso acontecer vou ficar muito feliz.
8) Como vê o momento actual da Literatura em Portugal?
Vejo
com alguma esperança, temos, como sempre tivemos grande génios e muitos mais
estarão para vir para grande glória nossa. (não sei se era este o sentido)
9) Como vê a divulgação dos bloggers literários?
Acho
que são uma nova forma de divulgação.
10) Quer deixar alguma mensagem especial aos seguidores do blog Marcas de Leitura?
Gostaria
que todos os seres nos rodeiam, olhassem em redor e que respeitassem o seu
semelhante como gostariam de ser respeitados, quer sejam homens, mulheres e
jovens.
Para já fico-me por aqui e agradeço desde já a sua disponibilidade e simpatia, foi um prazer.
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