terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Segredos Guardados pelo Tempo



Sinopse

A história de três amigos que o tempo não separou.
Criados numa aldeia perdida no interior, rumaram todos a Lisboa para continuarem os estudos.
Os amigos foram todos acompanhar Maria ao funeral do pai.
Carlos é um homem marcado pela infância, tinha um segredo que jamais poderia contar. Como pessoa integra que era iria guardar o segredo a vida inteira.
“- Perdão, quem devia pedir perdão, não era eu!
- Então conta-me, por favor, conta-me!

- Desculpa mas não consigo, será um segredo que é só meu, não o posso partilhar com ninguém. Ninguém compreenderia, é horrível demais.”

Primeiro Capítulo

Lá iam eles estrada fora, 120 à hora, directos à terra que os viu nascer.
Eram amigos desde que nasceram, frequentaram a mesma escola, o secundário e o liceu. Separaram-se quando rumaram à faculdade. Tinham hoje 35 anos.
À 17 anos que deixaram aquela terra pequenina, perdida no meio do nada.
Maria era hoje uma bem sucedida especialista de marketing e publicidade, solteira, bonita, alta, elegante, com um cabelo louro cor da espiga e uns olhos verdes cor do mar, a sua pele brilhante e lisa, o que se pode dizer uma mulher perfeita, e como não poderia deixar de ser, tinha muitos pretendentes, mas nenhum conseguia “roubar” o seu coração. Por vezes lá tinha casos (affair) de semanas, mas nada mais que isso. Vivia consigo a sua irmã Diana de 20 anos que andava em Relações Públicas.
João era um boémio que arrasava corações. Era professor na faculdade e surfista, tinha todas as alunas de beicinho por ele. Não faltava a nenhuma festa dada na faculdade e era vê-lo a vaguear pelo Bairro Alto, Alfama, 24 de Julho e por aí fora, era mesmo o que se podia dizer um pândego.
Manuel tirou o curso de Direito e era um conceituado advogado da nossa Lisboa, casado com uma médica e com duas filhas gémeas, que ele dizia “as meninas dos meus olhos”
Carlos que direi do Carlos. Tirou o curso de Economia, trabalhava numa agência bancária, e vivia unicamente para o trabalho, nunca se tinha visto com nenhuma mulher, nem em festas. Embora fosse um homem lindo, alto, elegante e de olhos azuis, muitas colegas suspiravam por ele, mas na cara de Carlos, nem um sorriso assomava. Triste e nervoso, comentava-se na agência que era gay e andava num psicólogo porque não queria assumir-se.
Diana tinha 20 anos era parecida com a irmã, a diferença eram os olhos, eram azuis da cor do céu, daqueles que despertam paixões. Os colegas da universidade chamavam-lhe “Deusa do Olimpo”.
Iam todos ao funeral do pai de Maria e Diana. Tinha falecido por acidente, um menino de oito anos, casualmente tinha acertado com um tiro no pai delas.
Manuel guiava a sua carrinha BMW, João cantarolava o “anel de rubi” de Rui Veloso e olhava de esguelha para Diana.
“Tu eras aquela que eu mais queria, para me dar algum conforto e companhia, e era só contigo que eu sonhava andar………….”
Maria que ia à frente com o Manuel, já irritada, quase grita.
- Cala-te João, não chateies, parece que vais para uma festa, queria ver se fosse o teu pai!
A cara de Carlos, era branca translúcida, mais parecia de cera, tremia e os suores eram frios.
- Pessoal diz a Diana o Carlos não se está a sentir bem.
- Manuel pára! Diz Maria. - Carlos, amigo que aconteceu!
Manuel encosta o carro à direita em plena A23, logo se ouve uma buzinadela.
Grita o João – Ó pá vai te lixar, não vês que temos aqui um doente.
Maria pega numa garrafa de água, deita um pouco na mão e passa na testa de Carlos. Este contacto acelerou o bater do coração de Maria e um calor ruborizou o seu rosto. Carlos parecia mesmo que ia desmaiar, João e Manuel tiveram de o amparar. Manuel sendo o mais sensato, tentou que os amigos mantivessem a calma.
- Que estás a sentir Carlos, queres que chamemos uma ambulância? Então amigo, tenta manter-te acordado, vamos fazer um funeral, não queiras que façamos dois. Manuel faz com que um pequeno sorriso se acerque da face de Carlos.
Diana chora e João faz-lhe um carinho, as suas faces roçam uma na outra e João enlaça Diana num abraço, que faz com que os outros três fiquem sem saber que dizer. João percebe os olhares e fica sem pinga de sangue, mas não consegue retirar a sua mão da de Diana.
Manuel exclama – Outro a desmaiar não, já basta um! E sorri.
Com Carlos já reanimado, voltam aos seus postos no automóvel e Manuel parte rumo à aldeia, e diz. – Não quero parar mais nenhuma vez, meninos comportem-se.
João e Diana estão de tal maneira atónitos um com o outro, que não se conseguem afastar, e assim vão caminho fora. Maria pelo espelho lá ia olhando para trás, mas não era para a irmã, mas sim para Carlos.

Segundo Capítulo

A aldeia estava edificada no cume de uma colina. A vista era esplêndida, sobre os campos e a serra, esta era a visão que a aldeia lhes oferecia. A paisagem era magnífica, transmitia calma, paz e tranquilidade, era de uma beleza natural. As casas eram praticamente todas de pedra. Lá iam eles subindo serra a cima.
Chegados há aldeias, as pessoas acercaram-se deles. Diziam algumas, minhas queridas tão novo e que morte tão horrível. Ainda não se refizeram da morte da mãe agora a do pai.
Joana tinha-se matado havia 2 anos, altura em que Maria levou a irmã consigo para Lisboa, ainda não conseguiram compreender o que teria levado a mãe a cometer o suicídio.
Tinha na altura 50 anos e uma vida pela frente. Um homem que a amava e duas filhas lindas, que poderia querer mais! A vida tem razões que a própria razão desconhece. O segredo levou-o com ela!
Carlos disse que não tinha coragem para entrar na igreja, não se sentia bem e não queria causar problemas aos amigos. Veio porque Maria lhe comunicou e em atenção da amiga, assim o fez. Tremia e suava.
Manuel pensava para com ele próprio, que Carlos era diferente do menino que com eles andava na escola primária, sempre alegre a brincar, talvez ainda mais brincalhão que o próprio João. Teve uma alteração drástica quando acabamos o 4º ano, teria sido do ingresso no secundário? Alguma coisa aconteceu e Manuel ia descobrir. Não conseguia ver o amigo no farrapo que se transformara.
João nem parecia o mesmo alegre e folião, andava atrás de Diana parecia um cachorrinho.
Maria, Diana e a tia Emília (irmã do Professor António) iam sendo cumprimentadas pelas pessoas em sinal de luto e respeito. Estas apresentavam-lhes as condolências, a igreja estava cheia. Todas as pessoas da aldeia e arredores, vieram despedir-se daquele que tanto tinha feito pela terra, o Professor António e Presidente da junta de freguesia.
O velório é feito para a reunião dos familiares e amigos, para celebrar as bem feitorias praticadas pelo falecido. E a aldeia toda só falava das qualidades, do carácter e dos atributos que este tinha feito a todos e para todos. A bem dizer sempre que há um velório se diz “coitadinho era tão boa pessoa”.
O velório, levou toda a noite, o funeral seria no dia seguinte da parte da tarde.
O Manuel e o João, nunca abandonaram as duas raparigas, estiveram com elas todas as horas e minutos. Só Carlos ficou cá fora no adro da igreja, rodeado pelos seus familiares.
Após o velório, o padre fez uma oração, as exéquias em memória do defunto para encomendar o corpo às mãos de Deus, para a vida eterna. Saíram da igreja, directos para o cemitério que era mesmo ao lado da igreja.
Manuel preocupado com Carlos, que não tinha entrado na igreja, pede a João que vá ficar com ele lá fora, pois não o queria sozinho. Assim que o caixão sai da igreja, se João não estivesse ali, Carlos tinha-se esborrachado no chão. Assim que Maria e Manuel vêem João com Carlos nos braços, correm para eles. Carlos desmaiou.
Outras pessoas acudiram, e levaram Carlos para a casa de Maria. Logo apareceu o médico que estava no velório. Carlos estava com uma pulsação de 120 e a tensão a 18/10. O médico quis saber se este era hipertenso, o qual respondeu que não.
Manuel questionou João, de que se estaria a passar na vida de Carlos, porquê estas alterações? Embora já há algum tempo que não se encontravam, pois as vidas às vezes não o permitiam, falavam-se por telefone e não tinha conhecimento de doença alguma em Carlos.
Chegadas a casa, Maria e Diana, logo se puseram a par da situação de Carlos.
Maria não conseguia deixar de acarinhar Carlos, e ele parecia que se sentia bem melhor estando ao pé dela.
João também estava mais calmo, nem parecia o boémio, conversador e cantador em que se tornara.
Maria pôs a mesa e foram comer alguma coisa, pois as pessoas da aldeia, já se tinham retirado, mas haviam deixado cestas repletas de alimentos. Era hábito na terra, levar alimentos aos familiares mais próximos dos defuntos.
As pessoas da aldeia, eram simples, simpáticas, acolhedoras e hospitaleiras.
Manuel começou por dizer – Carlos consegues explicar-nos o que se passa contigo? Estás doente, é alguma coisa menos boa? Estamos aqui os teus amigos, aqueles em quem confiavas, até te teres fechado num mundo só teu! Não te vamos criticar, condenar, aconteça o que tenha acontecido, mas vais ter de nos contar.
Carlos começou a soluçar, como se fosse uma criança, os soluços deram lugar a um choro silencioso e ininterruptível, aquela dor infernal, fazia-o afundar numa dor profunda, como se de um terrível pesadelo se tratasse.
Maria acercou-se dele e lançou os braços à volta do seu pescoço, Carlos encostou a cabeça no ombro de Maria, e assim ficaram, não sabem se minutos se horas. Sem perceberem porquê de repente os seus lábios tocaram-se e os seus corações bateram num ritmo uníssono, então ele mordeu o lábio dela e as suas línguas encontraram-se. Carlos e Maria tinham perdido o controlo, e entregaram-se a um beijo de desespero e angústia. Quando se afastaram, estavam sozinhos e ofegantes. Voltaram a unir as suas bocas, agora com mais intensidade, foi um beijo suave e terno, este não era de desespero havia algo a brotar e não sabiam o que era!
Carlos apertou Maria contra ele, era maravilhoso o que estava a sentir. Carlos desde pequeno que estava apaixonado por Maria, mas o passado não permitia que ele amasse alguém, era mesmo proibido amar, o pecado que tinha cometido não o deixava ter algum relacionamento.
Maria foi a primeira a falar – Carlos será melhor que nos vamos deitar, já é tarde, e podemos arrependermo-nos do que possa vir a acontecer.
- Sim, Maria tens razão, eu não posso, não posso! Mas de repente ficou branco como se fosse desmaiar.
- Carlos, não disse por mal! Não leves a mal, mas somos amigos e não quero que nada estrague a nossa amizade.
Afastaram-se, e cada um foi para o seu quarto. Carlos ficou no quarto onde já descansava Manuel. Mas, este por sua vez não dormia, assim que Carlos chegou acercou-se dele e quis saber tudo.
- Conta lá amigo, já perdeste a virgindade?
Carlos desviou o olhar envergonhado e dirigiu-se à casa de banho.
- Já vi tudo, não queres falar! “Seja feita a sua vontade”, quando quiseres desabafar, estou aqui de coração aberto para te ouvir e se puder ajudar.

Terceiro Capítulo

No dia seguinte levantaram-se todos mais ou menos à mesma hora, com excepção do João. Já se previa como boémio não tinha regras e horários.
Diana dirige-se ao quarto onde ainda este dormia a sono solto, e um ronco se ouviu. Sentou-se na beira da cama e fez-lhe uma carícia na cabeça. João ao sentir este afago, atrai Diana sobre si e rouba-lhe um beijo ardente e caloroso. Diana deita-se ao seu lado e mais beijos trocaram, João percorre o corpo de Diana com as mãos e pára no monte de vénus, esta agarra-lhe a mão e incentiva-o a tocar-lhe, envolveram-se debaixo dos lençóis. Diana estava quente e húmida e João penetrou-a. A verdade é que João desejou profundamente Diana logo que a viu.
- Diana, podias ter dito, que ………….
A rir, diz - fazia alguma diferença, alguma vez tinha de ser a primeira!
Manuel, Maria e Carlos, estavam na cozinha, sentados à mesa a tomarem o pequeno-almoço, quando ouviram alguns barulhos vindos do quarto onde João estava. Caíram numa gargalhada pegada. Quando pararam de rir, Manuel comentou – O João foi fisgado.
Maria pensou em como foi maravilhoso ter reencontrado Carlos, e como foram deliciosos os beijos que trocaram, mas a tristeza dele não lhe saía da cabeça.
João olhou para Diana, beijou-a na testa, rodeou-lhe a cintura com os braços e assim adormeceram.
Algum tempo depois batem na porta e ouvem Maria.
 – Diana toca a levantar, temos muitos assuntos para tratar.
João levanta-se, pega Diana ao colo e vão em direcção à casa de banho, tomar um duche. Diana passa gel no corpo de João e vice-versa. E voltam a fazer amor.
O boémio João estava enamorado de Diana. Iria perder o seu estatuto de pândego. Seria Diana a mulher que faria de João um homem íntegro?
Passados 30 minutos chegam João e Diana à cozinha muito envergonhados, Diana pede desculpa a Maria e diz que não volta acontecer.
- Temos assuntos do pai a tratar, vamos agora falar com o vice da junta.
- “Senhores” querem nos acompanhar, ou preferem dar uma volta pela aldeia e visitarem os vossos familiares.
Manuel – Mariazinha, tenho de fazer uma visita às minhas tias, mas se precisares de ajuda, fica para mais tarde.
- Eu vou com vocês, responde João, ainda ontem vi os meus pais e está tudo bem com eles, mais tarde vou lá com a Diana.
Diana baixou a cabeça, ficou em silêncio, o seu rosto estava corado e envergonhado.
Carlos diz que vai com Manuel, pois também quer ir visitar os pais e os irmãos.
Carlos nunca mais visitou a aldeia desde que se foi embora. Eram os familiares que o visitavam em Lisboa, nunca mais teve coragem de voltar à terra.
Estava com medo que as pessoas descobrissem o seu passado. Que atormentaria tanto Carlos?
- Muito bem, não sei se estaremos de volta para o almoço, mas logo que estejamos despachadas, mando-vos uma mensagem.
Manuel responde, - Melhor cada um tratar de si e encontramo-nos aqui mais tarde.
Maria, Diana e João, desceram a rua, directos à junta de freguesia, ficava duas ruas abaixo da casa delas.
Manuel e Carlos, foram no BMW visitar os familiares. No caminho deixou Carlos em casa dos pais, as casas eram quase no fim da aldeia.

Quarto Capítulo

A mãe abraça Carlos.
- Carlos meu querido filho, que felicidade há quantos anos não vens à nossa humilde casa. Parece que tens vergonha dos velhos. O pai e os manos foram trabalhar, mas estão de volta às 6 horas.
- Ontem quase nem nos falamos, preferiste ficar na casa do Professor António, bem verdade que é melhor que a nossa, mas a limpeza aqui abunda e lá desde que a Joana morreu, é um corrupio de catraios, parece que agora dava explicações.
- Foi numa lição destas que se deu o incidente, mas que desgraça tão grande. Como é que o Zé Tó tinha aquela arma com ele?
A mãe não o deixava falar, e quando referiu o sucedido, Carlos ficou branco como a cal da parede.
- Filho estás bem? Já ontem estavas pálido, estou mesmo a ver que em Lisboa não te alimentas como deve ser de tão magro que estás!  
Carlos tentou recuperar e disse que é da situação, ninguém estava à espera e foi um choque para todos.
- Carlos como estão os pais do Manuel, também são uns desnaturados desde que foram viver para Lisboa nunca mais voltaram á terra.
- Mãe, também nunca mais os vi, Lisboa é muito grande e cada um tem o seu trabalho que nos ocupa os dias.
- Anda filho vou tratar do nosso almoço, claro que almoças comigo, nem poderia ser de outra maneira.
Carlos sorri e abraça a mãe, aquela mulher que tanto ama, mas a quem não conseguiu contar o seu segredo. Abençoaria ela o pecado que cometeu ou escorraçava-o chamando-lhe animal!

Quinto Capítulo

Manuel chegou a casa das tias, e estas acercam-se dele num abraço caloroso.
Diz a tia Bernardete, a mais velha das irmãs. - Meu querido, que lindo tu estás! Os teus pais, esses degenerados, nunca mais voltaram á terra, até parece que tem picos. Se nós as duas não os fossemos visitar, não sabíamos nada deles!
A tia Paula – Estás mesmo lindo, a tua mulher e as gémeas, como estão? São umas bebés lindas, igual uma à outra. Mas nós na família não temos gémeos, deve ser da parte da tua mulher?
- Sim tias, estão todos bons, pais, mulher e filhas. Acerca-se do telemóvel e mostra-lhes várias fotos das gémeas.
Diz uma - Mas que lindas que estão!
Responde a outra – Com uma família como a nossa só podiam ser lindas, são mesmo parecidas contigo irmã. Efectivamente as gémeas tinham os mesmos olhos azuis da tia Paula.
- A Paula no nosso tempo, era uma das raparigas mais lindas da aldeia, não teve foi sorte nenhuma. Com tantos pretendentes, foi logo apaixonar-se por um caixeiro-viajante que lhe prometeu mundos e fundos e até hoje nunca apareceu!
- Irmã ainda não sou velha nenhuma, só tenho mais 5 anos que o Manuel. Ainda agora entrei nos 40, está bem que nunca saí da aldeia, mas porque tu nunca deixas-te. Agradeço teres sido uma mãe para mim, pois nunca conheci a nossa mãe. Talvez se não me tivesse tido ainda hoje era viva.
- Estou a pensar ir passar uns tempos a Lisboa, visto ter ficado desempregada, pois como professora, estamos a passar um mau bocado! (Sorri) quem sabe não encontro um “Dom Juan”, o “tal”.
- Tu só encontras é desvairados, olha o João a paixoneta que tiveste pelo rapazinho, bem mais novo do que tu, mas naquele verão vocês não se largavam, pareciam “cola”.
Manuel – Com o João? Parece-me que o João já está ocupado! Minha querida Paula. Serás bem-vinda o tempo que quiseres a minha casa ou à dos meus pais. As tuas sobrinhas vão adorar. Pode ser que se arranje qualquer coisa para fazeres.
- Tu como tia do Manel, tens de te dar ao respeito. E, agora queres-me abandonar neste fim de mundo, eu que dei a minha vida por ti, para te educar.
Manuel e Paula olham um para o outro e sorriem.
- Sim mana, serás sempre a minha “mamã” e nunca te vou abandonar.

Sexto Capítulo

Maria entrou na junta de freguesia e cumprimentou o adjunto do pai, que passaria a ser o sucessor.
- Sr. Fernando como vai, temos que conversar, pois não tenciono voltar à aldeia tão depressa, queria que ficasse a tomar conta de tudo. Eu e a Diana vamos hoje passar-lhe uma procuração que o meu amigo Manuel reconhece na qualidade de advogado. Queria-lhe perguntar se está de acordo?
- Claro que sim Diana, o teu pai era para mim além de meu chefe, um grande amigo. Queria-te dizer que já algum tempo vinha estranhando certos comportamentos do teu pai. Começou a dar explicações a crianças, não que tenha a ver com isso, mas ele tinha tanto trabalho aqui na junta, na Câmara, na escola e ainda dar-se ao trabalho de ajudar aqueles miúdos. Acho que andava mesmo cansado e triste.
- O meu pai dava explicações? Nunca soube nada disso!
- Sim, desde que a tua mãe morreu. Talvez para não se sentir sozinho.
- Que estranho, nunca comentou nada comigo!
Diana e João encontravam-se fora das instalações da Junta, jurando juras de amor.
- Se soubesse que esta “deusa” existia já tinha dado a volta ao mundo se preciso fosse. Diana, eu sou bem mais velho que tu, quase podia ser teu pai, mas o meu coração é teu se o quiseres aceitar.
- Carlos logo que te vi o meu pequeno coração palpitou, não sei se é amor, mas algo aconteceu!
- Meu pai (sorriu) mas não és! Se me queres eu quero-te.
- Soubesse eu que o meu amor estava junto da minha amiga Maria, há quanto tempo te tinha procurado!
Os olhos azuis de Diana verteram algumas lágrimas.
-Amo-te João!
- Meu amor!
As suas bocas uniram-se num beijo apaixonado e de juramento de um futuro a dois.
- Foste a primeira mulher com quem fiz amor sem preservativo! Haverá problema?
- E tu o primeiro homem da minha vida! E não te preocupes que eu tomo a pílula, pois o ano passado tive uma disfunção hormonal, o meu período não era certo, por isso, foi-me aconselhada pelo médico.
- Já querias bebés? Tem calma é muito cedo ainda sou nova, mas garanto-te que vais ser pai antes dos 40. Sorri.
- Vou esquecer os dias frios e cinzentos que vivi antes de te ter conhecido. Saber que sou importante para ti fez renascer em mim um novo homem.
Diana abraça forte João, novamente as suas bocas se uniram, foram beijos atrás de beijos, como se no mundo só eles existissem.
- Diana chega aqui. Chama Maria.
- Diana, vamos passar uma procuração ao Sr. Fernando, a dar poderes para tratar de todos os assuntos que fiquem pendentes e a venda das casas e dos terrenos. Agora nada mais nos prende aqui! Concordas?
- Claro que sim Maria, tudo o que decidires, assino por baixo. Eu e o João temos uma coisa para te contar.
- Estou a ver que sim, estou a ver que sim! “Sr. João” comporte-se, agora sou eu a tutora desta menina. E sorri.
- Mas eu tenho 20 anos, maior de idade. Também ela ri.
-Amo a tua irmã, que queres que te diga Maria. Eu nesta idade não esperava que alguém tocasse este coração. Mas, ela não só tocou, como roubou!
Todos sorriem e dão um abraço.
- Têm o meu consentimento, já sabem que sim. A minha irmã com um dos meus melhores amigos! Cuida dela como se fosse de cristal, e se a fizeres sofrer tens-me à perna!
- Vamos então almoçar, depois podem ir dar a novidade aos teus pais.
- Vamos ao restaurante do Sr. Abílio, há tantos anos!
Dirigiram-se rua abaixo, directos ao restaurante, João segurava fortemente Diana, como se fosse uma criança com o seu primeiro brinquedo.

Sétimo Capítulo

Chegados ao restaurante, as pessoas acercaram-se deles, a apresentarem as condolências e a cumprimentá-los.
O Armando, filho do Sr. Abílio ficou contente com o encontro, eram da mesma idade e tinham andado na escola juntos.
Armando abraça Maria e diz.
- Estás linda, há quanto tempo, linda, sempre tu foste! Os olhos de um e de outro encontram-se e Maria, vê paixão nos olhos de Armando e baixa o olhar.
- Olá João que bom ver-te, esqueceste-te dos amigos, já não te via, vai para uns bons 10 anos, quando andaste aí enrolado com a Paula. Alguma vez contaste ao Manel. Se ele soubesse que prometes-te mundo e fundos, matava-te!
- Mas coitada da Paula, não tem sorte nenhuma também passou por aqui um vendedor, vinha cá todos os meses, durante mais de um ano, e tiveram um romance, até lhe prometeu casamento. Mas já vai para uns três anos que ninguém lhe põe a vista em cima. Cá para mim era casado, e aqui tinha uns lençóis quentinhos à espera dele.
Diana ficou branca e triste, com tudo o que acabara de ouvir.
Maria reparou no aspecto frágil da irmã e respondeu.
- Que maldoso Armando, não te fazia uma velha “coscuvilheira”. A minha irmã é a namorada do João, e são coisas que as pessoa apaixonadas não gostam de ouvir.
O João foi o que foi, e só a ele diz respeito. Vamos acabar com esta conversa “encantadora”, que não nos leva a lado nenhum.
Armado baixa os olhos e envergonhado pede desculpa.
- Desculpa Diana, é que eu era amigo de infância destes dois, como tu sabes. Estava só a brincar. Tu conheces-me desde pequenina e sempre brincámos contigo, não sabia da vossa relação, senão, não teria dito nada.
- Estás desculpado pá, mas para a próxima, levas um murro nos queixos. Sempre foste apaixonado pela Maria e nunca lho disseste, ainda agora cais de beiço por ela. Se és um infeliz, deixa os outros serem felizes.
Maria que tinha percebido o olhar de Armando, baixa a cabeça. Maria sempre soube da paixão deste, mas nunca nutriu algum sentimento por ele.
- Que tens que se coma, que a conversa já vai longa.
Diana ficou de rosto macilento e calada, não falou durante todo o almoço.
Foi um almoço ligeiro e silencioso.
Os corações de ambos batiam forte e rápido, João colocou a mão em cima da perna de Diana, esta retirou-a, ele olhou-a nos olhos, e esta afastou o olhar.
Muito havia para conversar entre os dois, João teria de contar a Diana a vida de boémio que levava. Tinha de pensar bem, como lhe iria explicar que tinha destruído muitos corações, mas que ninguém tinha conseguido roubar o dele.
Era ela já a dona do seu coração e ninguém, mas ninguém iria destruir aquilo que havia conquistado. Faria tudo o que ela quisesse, um cordeirinho, até colocaria uma coleira se ela o que quisesse amarrado a ela.
Ao conhecer Diana tinha sido algo que em 35 anos nunca lhe tinha acontecido. Aquela mulher era especial, ainda por cima tinha-lhe dado aquilo que só se dá, a alguém que se ama. E Diana amava-o, tinha-lhe dito que o amava. Ele estava perdidamente apaixonado, tinha sido amor à primeira vista.
Acabado o almoço, Maria disse que ainda ia analisar alguns documentos com o Sr. Fernando, para poderem dar andamento a todo o processo, por isso ia para a Junta.
- Vocês podem então ir a casa dos teus pais João, que eu agora cá me arranjo, não preciso da Diana para nada.
- Mana, eu vou contigo. O João vai aos pais dele, que eu preciso de por umas ideias no lugar.
- Mas eu queria que viesses comigo, queria-te apresentar como minha namorada.
- Namorada? Mas eu agora sou tua namorada? Para se ser namorada costuma-se pedir namoro, e tu que eu me lembre não pediste nada!
- Ok, tu é que sabes, mais tarde se me deres oportunidade conservamos, pois de mim não te vais livrar. Amo-te Diana, e nunca disse esta palavra a ninguém, só a ti. Vais-me ouvir até te cansares, amo-te, amo-te, amo-te…………………..
- Meus meninos, parecem duas crianças, como é que é? Entendam-se lá por favor.
- Já disse, vou contigo!
- João encontramo-nos logo em casa ao jantar, se jantares nos teus pais avisa. Bj.
Maria e Diana, afastam-se.
João entra dentro do restaurante e dá um soco no rosto de Armando.
- Para a próxima mantém essa boca suja fechada. 

Oitavo Capítulo

Manuel almoçava com as tias, um almoço enérgico e cheio de coisas boas. A tia Bernardete, tinha feito várias sobremesas, e estava a empanturrar Manuel com todas.
- Tia, saio daqui feito uma bola, mas os teus doces, são “dádivas do céu” não consigo encontrar um arroz-doce e umas farófias assim em lado nenhum, Nem a minha mãe faz assim.
- Claro, mas a tua mãe sempre foi uma “dondoca”, cozinha não era com ela. Por isso foi para Lisboa, para não ter de convidar ninguém para almoçar ou jantar.
- Então Paula, sempre queres ir, passar uma temporada a Lisboa? Tenho, é o carro cheio, mas, tento dar um jeito e mando um dos homens de transporte.
- Não é preciso Manuel, se for levo o meu carro, e vou atrás de ti.
- Boa! Então começa a preparar as malas, que não vou sem ti.
- Essa agora, vou ficar sozinha!
- Tia, venha também passar uns dias connosco.
- Estás-me a convidar? Ou foi só por eu dizer?
- Claro que te estou a convidar, e não aceito um não.
- Sendo assim, vou com vocês, depois a Paula pode lá ficar, ela bem precisa de se distrair, mas cuidado com o João, não se envolvam outra vez.
- Tia já lhe disse, o João já está comprometido com a Diana a irmã da Maria,
- Com a miúda, mas ele é 8 ou 80, a Paula era mais velha, agora com uma criança, de quem ele podia ser pai!
- Não comente tia.
Bernardete sai da sala 
- Espero que sejam felizes, o João no fim é um bom homem. O nosso envolvimento nunca foi mais nada do que senão sexo. Ele era bom na cama e eu também não sou nenhuma santa, nem freira.
- Nunca prometemos nada um ao outro. Era só atracção física. Ele como homem é um pedaço de mau caminho. Convenhamos, vocês os três eram os mais lindos cá da terra. Quando vocês foram embora a terra perdeu luz e cor.
- Só uma pergunta? o Carlos ainda é aquele rapazinho triste, tímido e assustadiço que era? Era tão brincalhão e de repente tornou-se esquivo.
- Sim Paula, infelizmente está sempre nervoso, inseguro, acanhado, bem tento que ele me conte, mas ainda não consegui descobrir.
- Comenta-se cá na terra que é homossexual.
- Não sei, mas se for isso, não tem que sentir vergonha. Cada um é como cada qual, e ninguém tem nada com a vida de cada um. As opções sexuais, ninguém as escolhe.

Nono Capítulo

João chegou a cada dos pais. Estes esperavam-no na soleira da porta.
- Ai, meu filho como estás lindo, sempre foste o mais belo da terra e o mais desejado. Como vais lá por Lisboa, ontem nem oportunidade tivemos para falar.
A mãe apertava-o tanto que nem o conseguia deixar respirar.
- Mulher, deixa o rapaz em paz, quase que o estrafegas. Diz o pai.
- Está tudo bem mãe. Faz-se por isso, tenho muito trabalho. Ando agora em época de exames, tenho muitos testes para corrigir. E agora até nós somos avaliados, temos de fazer exames, depois de tantos anos professores, parece que não servimos para a actividade.
- Pois, coitada da Paula, este ano não foi colocada. Tem estado no desemprego.
- Irra, toda a gente tirou o dia para me falar da Paula. Basta. Estava irritado.
- Então João, não se fala assim à tua mãe, se estás mal disposto, não temos culpa. Se quiseres desabafar estamos aqui, os teus melhores amigos.
- Podes ter amigos, mas como estes dois velhos não tens.
- Desculpem! Hoje já espetei um murro na fronha do Armando, logo que me viu foi um disse que disse acerca da Paula, que me enojou. Ainda por cima à frente da minha namorada.
- Namorada! Quem é ela?
- Era para vir comigo, para vos a apresentar, mas por causa do sacana do Armado, não quis vir, e saiu zangada.
- Mas quem é ela filho?
- Vocês conhecem, é a filha mais nova do presidente da junta. A Diana.
- A Diana! Mas é uma criança ao pé de ti, onde andas tu com a cabeça rapaz!
- Mulher, deixa o cachopo, é preciso é que gostem um do outro, e sejam felizes.
- Parabéns filho, bom gosto, é cá um pedaço!
- João, sabes que toda a aldeia vai falar, prepara-te!
- Quero lá saber da aldeia, não fossem vocês, nunca mais cá punha os pés.
- Que queres que prepare para o jantar? Hoje é á tua escolha.
- Não mãe, eu vou jantar lá acima, pois tenho que falar com a Diana, para explicar toda esta confusão. Amo esta miúda, se ela ainda me quiser, espero que a aceites como nora. Pois esta é a tal.
- Mas, passas cá com ela filho.
- Claro que sim, queremos a vossa bênção!

Décimo Capítulo

Carlos esperou pelo pai e pelos irmãos, estes abraçaram-se efusivamente, num abraço caloroso.
Carlos era o mais novo dos três irmãos, chamavam-lhe “O pequeno príncipe”, contavam-lhe várias vezes a história de que ele iria crescer, aprender, conhecer o mundo e ser um grande Homem. Têm entre dez e nove anos de diferença para os irmãos. Quando nasceu era como um bibelô, andavam com ele sempre às cavalitas. Levavam-no para todo o lado.
- Carlos, meu Carlitos nunca ligas, nem dizes nada. Parece que és só tu.
- Vieste cá não por nós, mas sim por outros. Por nós nunca cá punhas os pés. Se queremos saber de ti temos de ser nós a telefonar-te, pois tu esqueceste completamente a família.
O pai, - deixem lá o rapaz, ele lá terá a sua vida. Ser bancário dá trabalho, e agora todos os bancos com problemas, faço ideia!
- Obrigado pai. Nunca me esqueço de vocês, mas às vezes quando me lembro de ligar, já é tarde. Sei que vocês se levantam muito cedo para ir para a fábrica. Por diversas vezes ligo para a mãe à hora do almoço, e pergunto por todos.
- Puto jantas connosco?
Assim que ouviu a palavra puto, ficou estático e a sua face empalideceu.
- Claro que janta, diz a mãe. Vocês não vêem como está magro, estes rapazes da cidade, não comem e passam a vida em ginásios.
- Ainda ontem na hora do funeral desmaiou, deixaste-nos preocupados!
- Ai rapaz no que te transformaste, sempre tão alegre, divertido, na brincadeira. De um dia para o outro tudo se modificou, parece que carregas os pecados do mundo.
Carlos sem saber o que responder, diz - Como qualquer coisa com vocês, mas depois tenho de ir ter com os outros. Podem precisar de ajuda.
- Sempre a pensar primeiro nos outros, rico filho!


Décimo Primeiro Capítulo

Quando João chegou, ainda ninguém se encontrava em casa. Esperou sentado no banco de pedra que estava à beira da porta.
Na aldeia todas as casas tinham um assento às portas. Seria para as pessoas poderem descansar enquanto esperavam que os donos chegassem.
João tentou por as ideias em ordem, toda a tarde tinha pensado no que diria a Diana, mas agora que estava próximo parecia que tudo se esvanecia.
O sofrimento que sentia, nunca tinha sentido dor igual. Estava mesmo apaixonado, o que aquela rapariga tinha feito em menos de 48 horas.
Pensava para si. Pior será saber se deixei de ser importante para ela, que os seus pensamentos não sejam já meus. Se errei, não a conhecia, por isso não poderei pagar por erros desconhecidos. “Quem nunca errou que atire a primeira pedra” somos seres humanos e temos de saber perdoar. Vou assumir todas as minhas tolices, e ela tem de compreender. “Saber perdoar é uma virtude” e a Diana é uma “Deusa”. A deusa do meu coração.
Passada uma hora, e ainda envolto nos seus pensamentos, avista na subida Maria e Diana.
Agora é que eram elas, “ou tudo ou nada”.
Maria, - Olá João, obrigada por estares à nossa espera. Espero que não estejas à muito tempo.
- Cheguei agora mesmo. Parece que combinamos.
Maria abre a porta e entra. Diana quando vai entrar, João segura-a por um braço e diz.
- Espera não entres, preciso de falar contigo. Quer tu queiras, quer não vais ter de me ouvir, depois podes decidir o que quiseres. A escolha é tua.
João pegou na mão de Diana, dirigiram-se para uma zona afastada da casa, onde não havia habitações, um descampado.
-Perdoa-me Diana se te fiz sofrer, com a conversa daquele anormal, que nunca teve coragem de exprimir os sentimentos que nutria pela tua irmã. Um falhado é o que ele é.
- Mas não estamos aqui para falar dele, mas sim de mim e de ti.
- Sempre fui um homem que só pensava nele (um bom vivant). Os outros vinham em segundo plano. Vivia cada dia como se de o último se tratasse. Trocava de mulher, como muitos trocam de camisa, era sedutor, atraente, as mulheres assim o comentavam. Sempre que queria uma diferente, lá estava ela à minha espera. Na praia, num bar, aqui na terra elas atropelavam-se para estar comigo.
- É verdade que andei envolvido com a tia do Manuel, foram dois verões que passei cá nas férias. Ela era mais velha, embora seja da aldeia é uma mulher experiente e encantadora, podia dizer-te que andei com ela mas não tinha sido bom. Foi talvez a única por quem passei um ano à espera de a voltar a ver. Ela tinha 30 e eu 25, foi uma paixoneta de verão. Mas quando acabou o segundo ano, já não me dizia nada. Nunca senti por ela o que senti por ti. O meu coração por ti suspira, acelera, e bate a uma velocidade, que me deixa sem respiração. O calor é insuportável, a emoção, perturbas-me. Esta tarde senti uma tamanha tristeza pela indiferença com que me tratas-te.
- João!
- Deixa-me falar tudo, O meu pensamento hoje foi todo para ti, quero que acredites e aceites os meus sentimentos, a minha afeição, o meu Amor.
- Errei, mas quem não erra, teria sido só eu a errar. Não te conhecia Diana. Por ti a partir de hoje, quero ser um novo homem, mas na tua companhia, quero que me ajudes a ser melhor. Ainda não tinha encontrado a felicidade, e quero que ela seja contigo, junto a ti.
Perante ti prometo que te vou amar e respeitar até tu me quereres. Deixa-me partilhar este caminho contigo “porque amar não é olharem um para o outro, é olharem juntos na mesma direcção”.
- Amo-te Diana. Sorri - Nunca tinha dito esta palavra a ninguém. A ti já a disse por várias vezes, vou repetir até te cansares de ouvir, Amo-te, Amo-te, Amo-te, Amo-te……………………………….
- Parvo, também te amo, fiquei triste, mas depois percebi que era o teu passado. Não quero o teu passado, mas o teu presente e futuro. A minha vida já não faz algum sentido sem ti.
João, pega em Diana ao colo e fá-la rodar de tão feliz que estava. Dos olhos de João umas lágrimas corriam. Diana acercou-se dele e beijou a face molhada e salgada. As suas bocas encontraram-se e a ansiedade cresceu, morderam os lábios um do outro, fecharam os olhos, e as suas línguas juntaram-se numa dança ritmada.
Ele deslizou as suas mãos pelas costas, levantou-lhe a camisola e uma mão deslizou para dentro do soutien, apertou-lhe as ancas, Diana sustinha a respiração e deixava que João a tocasse e acariciasse.  

Décimo Segundo Capítulo

Maria estava sozinha em casa quando Carlos chegou, vinha como já era hábito pálido e ansioso. Beijou Maria na face e esta passou-lhe a mão pelo cabelo.
- Carlos, agora estamos só nós os dois, que é que tu tens? Desabafa comigo, sou um túmulo, já me deves conhecer. Tudo o que aqui disseres, aqui fica.
Carlos abraça-se a Maria e começa a chorar, mas um choro ruidoso e sentido. As lágrimas corriam pela face de Carlos abaixo.
Sentaram-se frente a frente.
- Ninguém me pode ajudar, foi um incidente, um erro, foi algo que mudou para sempre a minha vida. Deus não me pode desculpar, foi feio e ruim.
- Deus desculpa tudo, temos é de ter coragem para assumir os erros e pedir perdão.
- Perdão, quem devia pedir perdão, não era eu!
- Então conta-me, por favor, conta-me!
- Desculpa mas não consigo, será um segredo que é só meu, não o posso partilhar com ninguém. Ninguém compreenderia, é horrível demais.
Neste instante chega Manuel, e ouve parte da conversa. Fica encostado atrás da porta e não se aproxima.
- Matas-te alguém?
- Não credo!
- Mas antes o tivesse feito. Carrego esta mágoa dentro de mim, e culpo-me pelo pecado que pratiquei no passado.
Maria entrelaça as suas mãos nas de Carlos.
- Nunca deixas-te que eu me aproximasse de ti, sempre me expulsaste da tua vida. Sempre fui tua amiga, e sabes que poderia ter sido mais. Tu nunca deixaste. Porquê?
- Maria, nunca entenderias! E nunca me conseguirias amar, como se deve amar um homem. O meu segredo estará sempre presente entre nós!
- Nunca tivemos problemas, porque achas que temos segredos!
Maria beija a testa de Carlos, e este oferece-lhe os lábios. E o beijo é ardente e molhado. 
- Maria, só te posso dizer que o que dizem por aí, é falso. Não tenho mulher, mas também não quero. Só amei uma mulher e essa ficará para sempre nos meus pensamentos e coração.
- Não sei nada do que dizem por aí! Essa mulher sou eu?
Carlos vira-lhe as costas e sai. Dá de caras com Manuel que se encontra do outro lado da porta
- Estavas aí! É um complô contra mim ou quê?
Manuel não responde e entra na sala.
Os olhares de Manuel e Maria cruzam-se numa interrogação.

Décimo Terceiro Capítulo

- Manuel, tenho um pedido a fazer-te na qualidade de advogado.
- Uau, pensava que estava de descanso estes dias.
- Não me vais negar um pedido, ou vais?
- Mas tu achas que eu negava alguma coisa à minha melhor e linda amiga!
Maria ri.
- Diz minha querida, sou todo teu! Se o Carlos ouve isto ainda levo um murro!
- Porque achas que levas um murro?
- Só tu é que não percebes, ou não queres perceber!
- Aquele “marmanjo” por mais tímido que seja, sempre foi apaixonado por ti.
- Sempre percebi, mas ele nunca me disse nada.
- Porque é que tu não avanças-te, pelo que me dava a entender, tu também tinhas um fraquinho por ele.
- Tinha e tenho Manuel, mas ele não me deixa aproximar. Por isso prefiro não perder a amizade dele.
- Sabes, que o nosso amigo João, andou ao soco ao Armando. Sorri.
Maria dá uma gargalhada - O quê? Que estás a dizer, mas nós saímos todos juntos do restaurante! Mas que ele mereceu, mereceu!
- Que é que se passou ao almoço? Pergunta Manuel.
- O parvo do Armando, comentou o relacionamento do João com a Paula, às vezes nem me lembro que é tua tia.
-  Eu, também soube hoje dessa aventura, a tia Bernardete comentou.
- Mas diz lá afinal o que pretendes de mim.
- Queria que fizesses uma procuração em meu nome e da Diana a dar poderes ao Fernando da junta. Não sei se voltarei à aldeia. As recordações não são agradáveis. Já perdi aqueles que me faziam vir cá.
- Agora só estão cá os meus tios e primos, e com esses o relacionamento não é dos melhores.
Manuel dirige-se ao quarto e trás de lá a sua maleta com o portátil.
- Como eu digo, este nunca se separa de mim. Faz parte da minha vida. E sorri.
Abre a mala, retira o portátil e diz.
- Onde tens uma tomada eléctrica?
- Aqui mesmo atrás deste sofá.
Manuel liga o cabo do pc e inicia este.
- Cá vamos nós:

PROCURAÇÃO
____ Maria…………………… e Diana…………… declaram que constituem seu procurador, o senhor Fernando……………………

Entretanto chegam Diana e João numa galhofa pegada. Os seus rosto transbordavam de felicidade.
Carlos estava sentado à porta de cara baixa.
- O que é que ele tem? Comenta João.
- Está com uma cara que mete dó. Diz Diana. - Parece um “cachorrinho” abandonado à espera de uma carícia.
- Carícia! Se queres dar é a mim.
Diana ri-se, e faz um carinho na cabeça de João.
- Tens-me toda só para ti.
- Diana o Manuel está a fazer a procuração. Vou ligar a impressora do escritório do pai.
- Posso ligar o computador do pai?
- Claro que sim.
As duas dirigem-se ao escritório.

Décimo Quarto Capítulo

 Diana liga o computador/portátil, e fica estupefacta!
A imagem do ambiente de trabalho é uma foto do pai e mais um homem abraçados, que ela não conhece.
- Diana! Conheces este homem?
- Não, não conheço! Deve ser colega da escola do pai.
- Não mexas em nada do computador, vamos levá-lo connosco e depois analisamos o que nos interessa. E depois fica para ti.
- Fixe, fico com um computador só para mim.
- Maria. Grita Manuel.
– Posso ir imprimir.
- Podes, chega cá.
Manuel imprime a procuração, e Maria e Diana assinam.
- “Meus Senhores” amanhã já podemos ir embora. De manhã entrego a procuração ao Fernando e podemos partir. Que acham?
Diz Manuel - Por mim tudo bem, só tenho de ligar às tias a avisar que vamos logo pela manhã para elas estarem prontas.
- Prontas! Comenta Maria.
- Sim, vão passar uns tempos connosco. E a ver se arranjo algum trabalho à Paula.
- Estamos a precisar de uma secretária com experiência de línguas, que faça traduções em inglês lá na agência.
- Perfeito, ela é professora de inglês, nada melhor.
Diana olha com ar de desconfiada para Maria.
- Só falei! Mas se já começas o namoro com ciúmes, não vais longe.
Diana sorri. – Confio no João. Vamos embora logo de manhã? O João queria que eu fosse lá a casa.
- Ainda é cedo, podem lá ir agora.
- Vou falar com o João.
Diana dirige-se à sala.
- João, vamos embora logo pela manhã. Queres dizer alguma coisa aos teus pais.
- Podíamos ir lá agora, que achas?
- Claro que sim meu amor.
- Tenho medo é que não gostem de mim.
- Mas, quem não gosta de um doce como tu!
- Vão adorar-te, tal como eu te adoro.
Diana espeta um beijo repenicado na boca de João.
- Obrigada por existires.

Décimo Quinto Capítulo

João e Diana quando saem, vêem Carlos sentado na porta, triste como sempre.
Diz João – Carlos vamos embora logo de manhã, vamos agora despedirmo-nos dos meus pais. Se quiseres ir despedir-te dos teus, podes vir connosco para baixo.
- Rapaz levanta-me essa cara, e não percas outra vez a Maria. Sempre soubemos que gostavas dela.
- Vou com vocês. Em relação ao outro assunto, cala-te.
Carlos comunica lá para dentro que vai com eles.
Ficam Manuel e Maria.
Manuel telefona às tias e diz-lhes para estarem prontas logo pela manhã. Que Maria já resolveu todos os problemas. Não faz sentido ficarem mais tempo. Ainda por cima está cheio de saudades das suas bebés.
- Maria, ainda não é desta que descobrimos o problema do Carlos.
- Tentei, mas ele diz que há um segredo a separar-nos.
- Acredita Manuel, não faço ideia!
- Também tentei, mas ele esquiva-se às perguntas. Mas que há algo. Há.
- Penso que só tu conseguirás. Tenta agora em Lisboa não te afastares dele.
- É isso que farei.
- Primeira coisa, é abrir uma conta na agência dele, para transferir os dinheiros do meu pai, em meu nome e da Dina. Vou solicitar que seja ele o meu gerente de conta. Aí vai ter que me aturar. E ri.
João e Diana, chegam a casa dos pais deste. 
- Filho, sempre resolveste vir jantar connosco. Íamos agora começar.
- Onde comem dois, comem três.
- Mãe, pai, quero apresentar a minha namorada, vocês já a conhecem.
- Dianinha, minha filha é um prazer.
- Vê se pões tino na cabeça deste garoto.
Diana sorri.
- Sê bem-vinda à nossa família. És a primeira que nos é apresentada.
João responde – A primeira e, a última pai. Quem sabe ainda este ano vão a Lisboa ao nosso casamento. Isto se a Diana quiser casar comigo.
Diana fica sem pinga de cor.
- Sei querida, ainda és nova. Queria muito que viesses viver comigo. Que dizes?
- Vou onde tu fores! Quero o que tu queres!
- Ai, o meu menino está apaixonado. Pensava que nunca chegava esse dia!
- Chegou mãe. A Diana é a mulher da minha vida. O amor não se procura, ele vem ao nosso encontro.
João beija Diana à frente dos pais, estes aplaudem. Estavam felizes o seu menino finalmente tinha assentado.

Décimo Sexto Capítulo

Carlos vagueou pela aldeia, precisava pensar. Por muito que a ferida o magoasse, tinha uma vida pela frente.
A voz que o atormentava, hoje apareceu-lhe – Carlos levanta a cabeça, és um homem ou um bicho. Já sofreste demais, já pagaste o erro dos outros. Deus não dorme, ele já está a pagar o mal que te fez.
- Pensa na Maria, a mulher que amas, e sempre amarás e não deixes que nada interfira na tua felicidade. É verdade que ela vai sofrer quando souber. Mas tu! Não tiveste culpa. Tu é que foste magoado, a vítima.
- Eras uma criança indefesa nunca pensaste que alguém te magoaria de tal maneira. Ainda por cima alguém de quem tu tanto gostavas.
- Sempre te disse para o denunciares. Tiveste medo, e fechaste-te num casulo onde não deixavas ninguém entrar. Um mundo só Teu.
- Amo-a! Mas, tenho medo! Que vai ela pensar se vier a saber.
- Vai ficar triste, muito triste! Mas com o tempo vai perceber que não foste o culpado.
- Também não sei se ela me ama!
- Estás a ser parvo, sempre soubeste que ela te amava. Foste tu que não deixaste que ela se aproximasse. Agora ela tem medo.
- Vai Carlos, medita sobre o assunto.
- Eu estou de partida, mas se precisares sabes onde me encontrar. É só chamar. Sorri e caminha para longe.
- Vou ter saudades! Obrigado por tudo foste um grande amigo.
Carlos olha em volta e “Carlos” desapareceu. A mente de Carlos estava agora outra vez consigo.
Dirige-se para casa das irmãs. Já é tarde e os pais já devem estar deitados. De manhã daria um beijo à mãe e deixaria outro para o pai e irmãos.

Décimo Sétimo Capítulo

Quando Carlos está quase a chegar, encontra-se com João e Diana no caminho.
Caminham os três em silêncio, nenhum fala nada até chegarem.
Ao chegar Diana agarra-se ao pescoço da irmã, e grita feliz.
- Maria o João quer que eu vá viver com ele. Deixas?
- Depois de tantos anos sozinha, e agora que estava acostumada a ter alguém com quem falar á noite. Volto a ficar abandonada.
- Mana, não ficas nada abandonada, eu e o João vamos-te sempre visitar.
- Parabéns João, diz Manuel, tens de pagar uma rodada.
- Parabéns, profere Carlos, alguém que seja feliz.
- João, comporta-te com a minha irmã, se não, já sabes tzzzzzzz
- Fica descansada Maria, sou fiel. Tu menina Diana cuidado com os “veteranos” lá da faculdade.
- Outra coisa que me preocupa, a Diana ainda tem dois anos de escola pela frente. Não quero que abandones os estudos. Continuarei a pagar-te a universidade.
- Nunca, mas nunca abandonaria os estudos. Vou ser uma “Dra.” de comunicação e relações públicas. E ri-se.
- Já sabes quero ir trabalhar contigo.
Todos se riem.
- Se nos fossemos deitar! Amanhã levantamo-nos cedo para despachar tudo o que ainda está pendente. Levar a procuração ao Fernando e depois metemo-nos ao caminho.
- Maria, não te esqueças que disseste que eu posso levar o computador do pai.
- Vai arrumá-lo na mala para não te esqueceres.
Dirigem-se todos para os quartos, João segura Diana.
Encosta a sua boca à orelha dela e baixinho diz.
- Queres dormir comigo? Não me apetece dormir sozinho. Faz uma cara triste.
- Achas que te ia deixar dormir sozinhos. Morde-lhe o pescoço.
Os outros já entraram todos nos quartos. João aperta a mão de Diana, e dirigem-se para o quarto desta que é o mais afastado dos outros.
- Não faças barulho. Murmura Diana a João.
- E se fizer! Quero que todos saibam o quanto te amo.
Os lábios uniram-se, num beijo longo, carinhoso e apaixonado.
João deita Diana na cama, e fazem amor. Um amor suave e puro como João nunca tinha feito.

Décimo Oitavo Capítulo

De manhã levantam-se todos bem cedo.
Arrumam os sacos e outros pertences e partem.
Manuel pára o carro na junta de freguesia, Maria sai para resolver alguns assuntos que ainda estão pendentes com o Sr. Fernando, e entregar-lhe a procuração. Diana fica com ela.
Os outros dirigem-se cada um a casa dos familiares para se despedirem. Combinaram todos ir ter a casa das tias de Manuel.
A mãe de Carlos, suplica-lhe que venha mais vezes vê-los e que se alimente pois está muito magrinho.
Os pais de João, pedem ao filho para este ter cabecinha, agora que namora com Diana não vá estragar tudo. Ainda por cima com uma rapariga da aldeia.
Este afiança, desde o dia em que viu Diana, foi como uma luz que entrou na sua vida. Nada neste mundo irá alterar o que sente por ela.
Manuel chega a casa das tias, estas já estão cá fora com tudo arrumado no carro. Manuel comunica a Paula que talvez Maria lhe arranje algo para fazer na agência onde trabalha.
Paula fica feliz e agarra-se ao pescoço de Manuel. – Obrigada a ti e a ela.
- Maria sempre foi uma jóia de menina, tal qual o pai e a mãe. Não merecia toda esta amargura. Com o tempo vai passar, e com uns amigos como vocês. Não tenho a menor dúvida!
- Vamos aguardar que eles cheguem para nos pormos ao caminho.
- Manuel tu vai devagar, porque o meu carro é velhinho.
Manuel ri – Vamos a 200! Só ri.
Uma hora passada, lá vinham eles estrada abaixo.
João segreda a Diana. – Não vejo a hora de estarmos sós, só nós os dois.
Diana sorri e abraça forte João.
A primeira a falar é Maria – Já chegamos, quando quiserem podemos partir.
Paula agradece a Maria o suposto emprego.
Maria responde. – Não me agradeças ainda, esperemos que nestes dias não tenham arranjado ninguém.
Diana olha desconfiada para Paula, e pensa para consigo é uma mulher linda.
João ao perceber o olhar de Diana, enlaça esta e aperta-a mais para si.
Segreda-lhe – Só tenho olhos para ti, nunca duvides do meu amor.
Diana sorri.
Dirigem-se aos carros e partem, caminho de Lisboa, via A23.
Já dentro do carro Manuel diz. – Não quero ninguém a desmaiar.
Todos riem e olham para Carlos. Este fica incomodado.
- Já estou melhor. Quem sabe um dia isto passe!
Responde João. – O dia que tiveres coragem de assumir o amor que sentes por alguém!
- Amor! Não sinto amor por ninguém.
- Pois não! Eu também não! Retribui João.
- Tu não? Diz Diana.
- É uma maneira de dizer, pela pessoa dele não.
Maria já farta da conversa e a ver que Carlos estava angustiado fala.
- Manuel põe algo que se oiça.
João começa logo a cantar, e agarra a mão de Diana.
“Tu eras aquela que eu mais queria, para me dar algum conforto e companhia,………………”
- Não se esqueçam de me convidar. Quero ser o padrinho.
- Estás convidado. Quando a Diana aceitar o pedido que lhe fiz, há casamento.
- As tuas meninas podiam levar as alianças.
- Iam ficar contentes, aquelas “vassourinhas”.
Manuel de vez em quando olhava pelo retrovisor a ver se as tias vinham atrás, quando as deixava de ver, abrandava.
Chegaram todos bem a Lisboa.
Manuel parou primeiro na casa de Carlos.
Carlos despede-se dos seus companheiros de lugar João e Diana dentro do carro.
Manuel e Maria saíram para se despedir deste.
Carlos tirou o seu saco da bagagem e despede-se de Manuel. Este regressa ao carro.
Maria pede a Carlos que não se distancie deles, principalmente dela.
Este diz que assim fará.
Carlos beija Maria na face, esta segura-lhe a cabeça e beija-o nos lábios. Carlos retribui o beijo e o afago e ficam assim alguns minutos, perdidos naquele beijo.
Lá dentro João disse. – Será que é agora.
Manuel responde. – Já não é o primeiro, lá em casa deram vários.
Diana não consegue responder.
- Se gostam um do outro, se sempre gostaram, os que os separa. Diz João.
- Não sabia que a minha irmã gostava ou tinha um fraquinho pelo Carlos!
- Nunca me constou!
- Já é antigo. Responde Manuel. – Sempre soubemos desde miúdos, que nutriam paixão um pelo outro. Nenhum nunca assumiu.
Maria separa-se de Carlos, este passa-lhe a mão pelo rosto e ela segura-lha.
- Mando-te uma mensagem logo.
- Fico à espera.
Maria entra no carro, e todos fazem adeus a Carlos.

Décimo Nono Capítulo

Carlos entra no prédio. O apartamento de Carlos era nas Avenidas Novas, situado numa das zonas mais privilegiadas da cidade. Tinha 4 assoalhadas. As cores eram suaves tons pastel, a decoração pensada ao pormenor, tudo encaixava minuciosamente nos sítios. Os móveis eram preto e branco do mais moderno e elegante. Nada estava fora do lugar. Tudo tinha executado com amor, só ele não podia amar.
 Novamente a melancolia se acerca dele. Sozinho pensa em Maria. Estes dias com ela fizeram renascer aquele amor, que ele pensava estar enterrado.
O problema é que aquela infracção horrenda que ele praticou em criança, não deixaria que alguma vez pudessem ficar juntos.
Tinha 35 anos, estava na altura de esquecer aquele dia horrível porque passou. Mas, seria que Maria algum dia lhe perdoaria.
Viver com este segredo há 26 anos, era uma tortura, não fosse o amigo “Carlos” com quem partilhava este problema, já o teria levado à loucura.
Agora “Carlos” tinha dito adeus. Estava por sua “conta, peso e medida”.
O seu coração batia por Maria. Amava-a (sempre a tinha amado)! Nunca tinha olhado para outra mulher, nem sentido esta sensação por ninguém.
Carlos estava mais confiante, no dia seguinte iria falar com o seu psicólogo e colocar-lhe estas dúvidas todas. Queria falar. Tinha de falar.

Vigésimo Capítulo

Manuel, deixa Maria, Diana e João em casa destas na zona de Campo de Ourique. E desloca-se para a sua casa na área do Restelo, vivia numa moradia de dois pisos com piscina, rodeada por um enorme jardim. A zona era tranquila e considerada como zona nobre da cidade. A vivenda era espaçosa e tinha sido toda remodelada, havia pouco tempo.
Desde que as gémeas nasceram, instalou o seu escritório e a sua esposa o consultório. Para assim poderem estar mais perto das bebés. 
Maria, Diana e João entraram em casa, Diana dirigiu-se de imediato ao quarto, para arrumar as suas coisas, pois nesse dia já pretendia ir ficar com João.
O apartamento era agradável, de 3 assoalhadas, duplex. Completamente remodelado, inserido num prédio de traça antiga. Os tectos eram rústicos, e na parte de cima tinha uma clarabóia que deixava entrar uma luz maravilhosa. À noite Maria ficava horas a ver as estrelas. E estava localizado num dos bairros mais nobres de Lisboa. Como Maria trabalhava nas Amoreiras, muitas vezes fazia o percurso a pé de casa para o trabalho e vice-versa.
João comenta com Maria, - O teu apartamento é deslumbrante, espero que a Diana não fique triste com o meu. Habituada ao luxo, vai para uma casa que quase nem móveis têm.
- Ela ajuda-te a mobilá-lo. O teu prédio assim como o do Carlos são lindos.
- Sim moramos perto, mas a minha casa ao pé da dele, deixa muito a desejar. A minha sem móveis, mas com pranchas. Ri-se.
- Nunca vi uma casa como a do Carlos. Tudo no sítio e por ordem. É mesmo vulnerável. Cada vez está mais solitário. O sofrimento na cara é visível, sempre angustiado.
- Às vezes toco-lhe à campainha para ir beber um copo. Nunca o consegui arrastar para uma noitada. Poucas vezes me manda subir. Quando subo tem a casa numa arrumação, que até me custa pisar o chão.
- Temos que sair um dia destes João, e levá-lo connosco.
- Penso que só tu conseguirás entrar naquele mundo. Estará com uma depressão? Hoje em dia é a doença da moda.
- Se for, temos de o ajudar e talvez convence-lo a ir a um médico. A cara de Maria fica triste.
- Rapariga anima-te. Mas não o abandones. Não quero ver nenhuma notícia de que O Carlos se matou. Está mais para lá do que para cá.
- Vira essa boca para lá. Quem sabe não esteja a sofrer por alguém que o abandonou?
- Abandonou! Ou nunca teve coragem de lhe demonstrar o amor que tem por ele. Sim Maria tu!
- Ele nunca demonstrou. Só me beijou uma vez. O dia em que chegamos a Lisboa, e nos separamos cada um para seu lado. Nunca mais me procurou.
- Também tenho culpa! Nós de vez em quando encontrávamo-nos e saíamos, mas esquecemo-nos sempre do Carlos.
- Esquecemos! Não, eu e o Manuel nunca nos esquecemos, ele é que nos afastou.
Entretanto chega Diana com um saco.
- Já embalei algumas roupas. Depois venho buscar mais.
Prontos para sair de sacos na mão.
Maria tira o portátil a Diana.
- Este ainda fica. Tenho de ver o que o pai tinha pendente. Deve ter aqui algumas coisas que tenhamos de enviar para o Fernando.
- Mas depois não te esqueças, fica para mim.
- Não o quero, é todo teu, fica já partilhado. Maria ri.
Beijam-se e despedem-se com um abraço.
- João trata bem da minha menina.
- Fica descansada. Vou tratá-la como uma princesa.

Vigésimo Primeiro Capítulo

No dia seguinte, Carlos foi trabalhar. Mas, não esqueceu de telefonar para o consultório do seu médico.
- Fala Carlos Pereira, preciso de uma consulta. O Dr. Abel tem vaga hoje?
- Deixe-me ver a agenda do Dr.
A recepcionista põe o telefone em espera, e Carlos ouve a música. Era agradável e suave. Aqueles instantes foram um encanto, estava completamente fascinado pela melodia.
- Sr. Carlos está aí?
- Sim, diga.
- Sim, o Dr. Tem vaga às 17h.
- Aí estarei. Bom dia
- Tenha um bom dia Sr. Carlos, cá o aguardaremos.
Carlos concentra-se no serviço. Tinha muitos processos pendentes. Os dias, em que esteve fora, os colegas foram acumulando trabalho em cima da sua secretária.
Tinha de ligar para os seus clientes, era gestor de conta de várias entidades colectivas e pessoas particulares. Era um dos melhores.
Como ele dizia, “os problemas ficavam à porta do trabalho”. As pessoas não tinham culpa das suas complicações.
O dia passou ameno e rápido, até conseguiu sorrir para alguns colegas, quando estes lhe perguntavam algo, ou lhe iam entregar documentação.
Alguns comentavam, - “Que teria acontecido nestes dias?”
Outros, - “O Carlos viu passarinho novo.”
Estavam todos estupefactos. O calado do Carlos, até conversou com um colega à hora do almoço.
Chegadas as 16,30h, o Carlos saiu. Ele que ficava sempre até muito mais tarde. Mas nesse dia estava decidido tinha de partilhar o segredo com mais alguém. Estava na hora de assumir o erro do passado, que estava sempre de volta à sua memória para o atormentar.

Vigésimo Segundo Capítulo

Carlos dirigiu-se ao consultório do Dr. Abel com passadas largas, sem olhar para lado nenhum.
O objectivo tinha de ser alcançado, havia mais de um ano que não o consultava.
Tinha desistido de se libertar, este ano que passou, tinha sido muito duro para ele.
Muitas vezes pensou em por termo à vida, mas nunca conseguiu. O seu amigo “Carlos” estava sempre presente nessas horas.
Quem seria ele?
Era Deus não tinha dúvidas. Sempre esteve e está ao pé dele. Sabia tudo acerca dele. Tinha presenciado o momento, mas não o tinha conseguido salvar nessa hora.
Um dia disse-lhe “Pensa Carlos há provações e lutas porque temos de passar, e Deus põe-nos à prova para ver a nossa reacção, força e fé. E saber até onde se consegue lutar com o coração e a coragem”. “Se conseguires sobreviver, ficarás mais forte e conseguirás alcançar os teus objectivos, e vencer os teus fantasmas”.
Era nisso que Carlos agora pensava, alcançar os seus objectivos. Contar tudo a Maria e ela que decidisse o que entendesse.
Agora iria expor toda a situação ao médico. Queria falar, tinha de falar. Tinha de abrir o seu coração. Não conseguia sofrer mais.
A penitência a que se tinha proposto, já tinha ultrapassado todos os limites. Será que não tinha direito a amar. “Carlos” dizia que sim.
Tinha chegado ao consultório. Pensou para com ele, “ou vai ou racha, não há como voltar atrás”.
 - Boa tarde. Cumprimentou Carlos a recepcionista.
- Tenho consulta agora.
- Boa tarde Sr. Carlos, o Dr. Está à sua espera, pode entrar.
Carlos bate à porta, e ouve-se lá de entro.
- Pode entrar.
- Boa tarde Dr. Abel.
- Boa tarde Carlos, há muito tempo. Pensava que já me tinha abandonado. E sorri.
- Foi um ano complicado, mas estou de regresso. E agora é para valer.
O Dr. diz a Carlos que se sente na cadeira, e que está ali para o ouvir.
Carlos começou por falar que era um rapaz alegre, brincalhão e que andava sempre com mais três crianças. Eram conhecidos na aldeia como os quatro inseparáveis. Onde estava um estavam todos. Sempre juntos, nunca se zangavam. Iam sempre juntos para a escola. Encontravam-se sempre todos na casa de Maria à hora marcada. …………………………..…..
Passada uma hora, as lágrimas de Carlos desciam pela face.
- Pronto Carlos por hoje chega. Já alcançou uma vitória, conseguiu que esse silêncio que estava guardado a sete chaves, se soltasse.
- Gostei, vamos ter um Carlos novo. Não se pode recriminar, por uma culpa que não é sua. Você simplesmente foi um dos lesados. Aquele que assumiu a culpa dos outros. E não fez nada!
- Para a próxima quero ver aqui um Carlos renascido, e se possível traga consigo a Maria. A mulher a quem você deu o coração, mas a quem nunca teve coragem de contar o sucedido. Culpou-se sem nunca ter feito nada. Foi fiel à palavra que deu.

Vigésimo Terceiro Capítulo

Maria estava em casa sozinha, triste e pensativa. Os seus pensamentos recaíam em Carlos. Que estaria ele a fazer? Teria ido trabalhar? Disse que lhe mandava uma mensagem, mas não o fez.
Pegou no telemóvel, seleccionou o número dele e carregou. Estava a chamar.
Carlos pegou no telemóvel. – Olá Maria. Esta, já tinha desligado.
Carlos pensou, “porque teria desligado Maria”.
Carlos, ligou.
Maria atendeu ao primeiro toque.
- Olá Carlos.
- Porque desligas-te?
- Não sabia o que dizer-te, mas queria ouvir a tua voz.
Carlos responde, - Tenho saudades tuas, muitas, muitas. Não imaginas.
- Queres vir cá a casa.
Carlos fica apreensivo.
- Vou já para aí.
Maria ficou ansiosa. Também ela tinha saudades de Carlos. Aquele beijo, que deram aos dezoito, nunca mais o esqueceu. Mas tanto ela como Carlos eram uns teimosos, nenhum dos dois, assumiu o que sentiam.
Todos os relacionamentos que teve, foram passageiros. Por vezes quando estava com alguém, vinha-lhe à memória o passado, Carlos e aqueles olhos azuis que a atormentavam.
Correu para a sala, arrumou as almofadas do sofá e deu um jeito no compartimento.
Foi à casa de banho pôs um pouco de rímel, passou um pouco de rouge nas maçãs do rosto para dar um colorido e corrigir certas irregularidades. Não que ela as tivesse, mas estava um pouco pálida. Assim dava-lhe uma aparência mais saudável, colocou também gloss nos lábios para dar brilho e volume.
Vestiu um vestido de malha de licra de cor preta, com um decote acentuado e justo, que lhe marcava os contornos do corpo e aplicou um pouco de perfume. Estava pronta para receber Carlos, além disso estava linda e deslumbrante.
Porque estaria ela a arranjar-se desta maneira, o Carlos nem repararia. Colocou um CD de música suave.

Vigésimo Quarto Capítulo

Carlos toca à campainha.
- Quem é, diz Maria.
- Sou eu, podes abrir.
Carlos empurra a porta e sobe as escadas até ao 3º andar, piso onde Maria habitava.
Maria já se encontrava no hall das escadas.
Carlos vestia um fato cinzento, uma camisa azul clara com uma gravata de risca azul e uns sapatos pretos. Os olhos sobressaiam ao tom da camisa.
Carlos olha para ela, e exclama.
- Estás maravilhosa, diria deslumbrante. A mulher mais linda que já alguma vez vi.
Maria cora, e beija Carlos na face.
- Tu também estás lindo, aliás és sempre lindo, pena estares sempre triste.
- Estás a tentar seduzir-me? E sorri.
- Se continuas a elogiar-me dessa maneira, fico sem palavras. Mas, adorei o teu sorriso.
Carlos entra e Maria fecha a porta.
- Vamos aqui para a sala.
- Está como me lembro.
- Pois, à mais de um ano que não vens cá!
- Também não me convidaste?
- E, é preciso? Os amigos estão sempre convidados.
Carlos retira o casaco e fica em camisa.
Sentam-se no sofá lado a lado e continuam a conversar.
Carlos estava mais conversador, mas os olhos dele não se desviavam de Maria. Estava mais ousado.
Maria diz que estava a sentir-se sozinha. Como ele sabia, no dia anterior Diana tinha ido morar com João. Já estava habituada a alguém conversar com ela, sentia-se só e deprimida.
- Quer dizer que foi por estares só, que me ligaste?
- Não Carlos, não penses isso! Precisava de ouvir a tua voz. Tinha saudades tuas. Não consigo neste momento explicar-te o porquê! Fazes parte da minha vida, não me abandones. 
Carlos puxa Maria para si e abraça-a. Maria aceita o abraço e encosta a sua cabeça no ombro dele. Os corações batem aceleradamente.
Os seus corpos estavam agora mais próximos. Beijaram-se desesperadamente. As línguas giravam e exploravam o interior das suas bocas. Beijavam-se com sofreguidão e acariciavam-se mutuamente.
Carlos abriu o vestido de Maria, e este caiu-lhe aos pés. Maria abre a camisa de Carlos, e este pega Maria ao colo e dirige-se par o quarto.
Carlos deita Maria em cima da cama, e desliza as suas mãos para os seios desta. Os seios de Maria estavam tesos e Carlos beijou-os.
Estavam agora nus e beijaram-se uma e outra vez, agora mais lentamente.
Maria desejava-o, mais do que alguma vez desejara alguém.
A respiração de Carlos era agora mais ofegante, e estava sedento do amor de Maria.
Carlos penetrou Maria lentamente, queria recordar o momento, a primeira vez. A intenção era que fosse um momento único, que ficasse para sempre na memória deles. Uma recordação agradável de se relembrar.
Esta sim deliciosa. Esta lembrança, queria-a para sempre na sua mente.
Maria sentia algo diferente, agradável. As suas ancas moviam-se agora mais depressa. Ela sentia cada estocada de Carlos, enquanto o recebia uma e outra vez. Aquelas mãos que a acariciavam, suave, doce e loucamente.
Havia uma cumplicidade de afectos, carícias, ternuras, prazeres, beijos, toques, estavam num estado de excitação plena. Juntos atingiram o clímax, vieram-se num orgasmo em simultâneo. Da testa de Carlos caiam algumas gotas de suor, em cima dos seios de Maria.
Maria nunca tinha sentido nada assim antes. Tinha dado e recebido. Foi tudo perfeito. Seria isto o amor?
Carlos embora fosse magro, tinha uns ombros largos e musculados, assim nu nem parecia o mesmo Carlos. Tinham um corpo surpreendente e Maria estava completamente atónita.
Ficaram agarrados um ao outro a ver as estrelas no céu. Nenhum conseguia dizer uma palavra. Só as suas bocas se encontravam.
Dormiram agarrados um ao outro. Sentiam-se felizes.
Carlos foi o primeiro a acordar. Tinha de ir trabalhar.
Levantou-se e encaminhou-se para a casa de banho. Tomou um banho, abriu as gavetas do lavatório e descobriu uma escova nova e lâminas. Lavou os dentes fez a barba. Aplicou creme de Maria no rosto e a sua pele ficou suave. Pensou para consigo “creme de mulher” e sorriu.
Estava feliz, mas muito ainda havia para conversar. Tinha dado um primeiro passo.
Dirigiu-se ao quarto, fez uma festa no cabelo de Maria e esta acordou.
- Já levantado?
Carlos sorriu.
Como era bom acordar com aquele homem lindo, aqueles olhos azuis, ainda por cima a sorrirem para ela.
- Sim, por estranho que pareça tenho de ir trabalhar, hoje ainda é sexta-feira. Sorri.
Olha para o relógio e comenta, - São sete horas, é cedo!
- Ainda quero passar em casa para mudar de roupa e colocar um creme de homem na cara. A rir diz-lhe. – Utilizei o teu.
- Os dois riem.
- Amanhã é sábado, se quiseres que venha cá logo?
- Fico à tua espera. Mas trás o creme. E dá uma gargalhada.
Carlos baixa-se e dá um beijo molhado e demorado a Maria. Um beijo de amor.
Maria envolveu Carlos com os seus braços delicados, e segreda-lhe ao ouvido. – Fico a contar as horas e os minutos.
Mais um beijo ocorreu e mais outro e outro e outro.

Vigésimo Quinto Capítulo

Carlos entrou no carro, olhou-se ao espelho e viu um Carlos diferente. O seu rosto e os olhos estavam felizes e mais brilhantes.
Entrou em casa, e foi de seguida para a casa de banho, tinha de ser rápido, pois não tinha muito tempo. Passou a cara por água, a barba até tinha ficado razoável, mas escanhoou mais um pouco. Colocou loção after shave e um creme hidratante.
Vestiu uma camisa branca, colocou uma gravata tons de cinza e um fato cinza escuro. Calçou uns sapatos clássicos pretos de atacadores. O vestuário, caía-lhe sempre na perfeição. Tudo encaixava ao mínimo pormenor. Podia ser um homem triste, mas sempre bem arranjado.
Chegou à agência e cumprimentou o vigilante com um sorriso no rosto.
- Bom dia Sr. Gomes. E sorriu
- Bom dia Dr. Carlos.
O vigilante estava estupefacto foi a primeira vez que o Dr. Carlos o tinha tratado pelo nome. Cumprimentava-o sempre com bom dia, mas nunca tinha pronunciado o nome dele, muito menos sorrido.
Cumprimentou todos os colegas, até deu dois beijos à Andreia a secretária.
A manhã parecia que nunca mais passava. Só olhava para o relógio, queria que as horas passassem rápidas. O seu pensamento neste momento estava concentrado em Maria.
O tema de conversa dos seus colegas, era só um. Que teria acontecido para Carlos estar assim. Tudo murmurava. Carlos para cá, Carlos para lá…………………..
Chegou a hora do almoço. Dirigiu-se ao restaurante onde costumava almoçar. Quando entrou, os seus olhos cruzaram-se com os de Maria. Esta estava sentada a uma mesa à espera dele.
Encaminhou-se para a mesa e beija Maria no rosto. Esta ia virar a cara, para lhe dar um beijo nos lábios, mas não o fez. Ficou de semblante pesado.
- Olá Maria, fico contente por te ver. Não via a manhã passar.
Maria responde. – Não parece! Nem um beijo me dás! Tens vergonha ou há alguém aí que nos possa ver e ficas em maus lençóis.
Carlos segura o rosto de Maria e dá-lhe um beijo apaixonado.
- Nunca duvides de mim. Temos muito que conversar, mas por agora quero desfrutar de ti.
Agarra-lhe a mão e beija-a.
Escusado será dizer que todo o restaurante está de olhos postos neles.
Pedem o almoço e vão conversando. Entretanto toca o telemóvel de Maria.
Maria olha para o visor e vê que é Diana.
- Sim, sua desnaturada, estou aqui sozinha, triste e sem ninguém com quem conversar. Sorri para Carlos.
- Mana desculpa. Queres que vá para o pé de ti? A voz é triste.
- Não, estava só a brincar.
- Assim gosto mais. Era para informar que eu e o João, vamos passar o fim-de-semana a Vila Nova de Milfontes. Queres vir?
- Não divirtam-se.
- Mas não ficas triste!
- Claro que não, vou por a leitura em dia. Olha para Carlos e sorri.
- Beijos, boa viagem.
Desliga e Carlos está se a rir.
- Com que então vais por a leitura em dia!
Os dois riem.
Acabam de almoçar e Carlos tem de voltar para a agência.
- Vais para casa?
- Não. Vou fazer umas compras lá para casa. Senão não temos nada para comer.
- Depois das compras, podes vir aqui ter comigo.
- Queres?
- Quero.
Juntos dirigem-se para o trabalho de Carlos. Vão os dois abraçados. Despedem-se com um beijo doce e suave.
- Até já.
- Já volto.
Maria, dirige-se para o carro, a felicidade era tal que parecia que dançava. Carlos continuava à porta a vê-la afastar-se. “Como ele amava aquela mulher”. Porque teria esperado tanto tempo?
Já lá diz o ditado, “Nunca é tarde demais”. Ou seria?
O rosto de Carlos transluzia de felicidade. O seu rosto sombrio estava agora luminoso. Mas ainda havia um longo caminho a percorrer. Agora o problema seria contar a Maria, e esta perdoar-lhe aquele segredo que guardava há tantos anos. Será que Maria acreditaria nele, e o perdoaria.
Deixaria passar o fim-de-semana, ou estaria na hora!

Vigésimo Sexto Capítulo

À saída, lá estava ela encostada ao carro.
Carlos dirige-se a ela e beija-a.
- Preciso de passar em casa para ir buscar alguma roupa. Vamos no meu carro? Ou vais atrás de mim e depois vimos buscá-lo?
- Vou atrás. Depois posso arrumá-lo perto de tua casa e amanhã vimos buscá-lo.
- Se quiseres, podemos ficar hoje em minha casa. Gostava muito.
- Parece que adivinhas-te que comprei um vestido e lingerie.
Os dois dão uma gargalhada.
- É tão bom ver-te rir Carlos.
- Maria, tenho tanto para te dizer.
- Agora não, depois. Já perdemos muito tempo, não é por mais uns dias que vai fazer diferença. Agora quero-te só para mim.
Carlos abraça forte Maria.
Entram cada um em seu carro.
Maria, estaciona mesmo em frente ao prédio. Entra no carro de Carlos e seguem para a garagem.
Sobem no elevador até ao quinto andar. Carlos prende Maria com o seu corpo, contra a parede, e beija-lhe o pescoço.
-Olha que eu grito. E ri.
Os lábios dos dois encontram-se. Os lábios de Carlos eram quentes e carnudos. As línguas exploravam-se com carinho. Os corpos encaixavam um no outro. Um calor insuportável subiu por eles acima.
O elevador chega ao piso e a porta abre-se.
Carlos coloca a chave na fechadura e abre a porta. Vira-se para Maria e pega nela ao colo.
- Porque estás a fazer isto?
- Porque não aguento mais. Quero amar-te!
Com as bocas coladas um no outro, Carlos transporta Maria para o quarto.
Caem os dois em cima da cama, tiram a roupa um ao outro com sofreguidão.
Carlos percorre com a língua o corpo de Maria. Ela sente a excitação dele, em cima dela. Está cada vez mais húmida e pronta para ele. Carlos apodera-se dos seus seios. Chupa um, fazendo pequenos círculos com a língua à volta dele. Com a outra mão aperta-lhe as nádegas e puxa-a mais para si.
Maria pega no membro dele e começa a acariciá-lo. Impulsionando para cima e para baixo. Carlos geme, está louco de desejo por Maria.
Maria pede a Carlos que se vire de barriga para cima, este acede ao pedido dela. Ela beija-o e agarra o pénis dele colocando-o na boca. Carlos fecha os olhos está ávido de desejo e a sua respiração está forte e descontrolada.
Maria chupa o sexo de Carlos e com as mãos vai acariciando-o. Carlos segura a cabeça de Maria e vai empurrando. Carlos movia as ancas e suplicava pela sua boca. Estava quase, agarrou nela, deitou-a de barriga para cima, sobe para cima dela e penetra-a.
Entra nela lentamente, queria sentir a humidade de Maria. Começou a movimentar-se e a enterrar-se dentro dela, cada vez mais rápido. Até que ambos atingem um orgasmo violento. Os dois ficam abraçados um ao outro. Beijando-se.
- O que me fizeste Maria? Estou ap….. Cala-se, e não diz o resto da palavra.
- Diz Carlos, quero ouvir. 
- Queres ouvir o quê?
- O que ias dizer.
Carlos olha para ela e diz.
- Estou apaixonado, sempre estive.
- Amo-te Maria.
Maria estava a sentir-se a mulher mais feliz do mundo. Aperta Carlos contra si e segreda-lhe.
- Sempre te amei. Estive sempre à tua espera. Mas, valeu a espera.
Carlos cala Maria com um beijo carregado de emoção.

Vigésimo Sétimo Capítulo

Carlos levantou-se. O perfume de Maria permanecia na sua pele.
Dirigiu-se para a cozinha para beber um copo de água. Sente o corpo de Maria agarrado a ele. Os dois estavam nus. Maria aperta o traseiro de Carlos e comenta.
- O teu apartamento é um regalo para os olhos.
- O apartamento! Ou eu?
Maria ri.
Carlos vira-se para Maria e esta sente o membro dele já pronto para nova brincadeira.
- Calma aí, vamos tomar um banho e comer qualquer coisa.
- Por falar em comer, deixei as compras no carro.
- Tens comer que chegue no frigorífico.
Maria abre o frigorífico, este estava bem abastecido. Havia de tudo um pouco.
- Espectáculo! Como consegues ter tudo tão organizado.
Carlos ri. – Tendo.
O telefone de Maria toca.
- É o Manel. Achas que atenda?
- Atende.
- Olá Manel, como estás.
- Isso pergunto eu?
- Vai-se indo, ainda um pouco triste. Mas a vida continua.
- As tuas pequeninas como vão?
- Umas desinquietas. Agora nada pára com elas.
- Agora têm com que se entreter, não largam as tias.
- Diz à Paula que eu não me esqueci dela. Segunda-feira quando for trabalhar, já vou falar com os recursos humanos a ver se o lugar ainda está vago.
- Não foi por isso que te liguei, foi para saber de ti.
- Eu sei que estás preocupado comigo. És um grande amigo.
- De seguida vou ligar para o Carlos.
- À sim, manda-lhe beijos meus. Tapa a boca a rir.
- O João e a Diana foram para Milfontes passar o fim-de-semana.
- Quem diria! O João apanhado.
- Espero que se porte bem, senão é comigo que tem de se haver.
- Fica bem, beijos.
- Beijos para vocês todos.
Desligam os dois ao mesmo tempo.
- Carlos, ele vai ligar para ti, não lhe disse que estávamos juntos.
- Não vou atender.
O telefone de Carlos toca.
Os dois riem.
Maria e Carlos decidem fazer uma salada de atum. Enquanto ela lava a alface e o tomate. Ele põe dois ovos a cozer e abre as latas de atum.
Coloca uma toalha branca na mesa, do mais imaculado que Maria já viu.
Enquanto vão preparando o jantar, vão conversando.
Maria num impulso, pergunta a Carlos porque é que ele se afastou dela e se tornou tão frigido.
Carlos baixa a cabeça e diz.
– Maria o que tenho para te contar não é nada agradável. Só peço que quando te disser tudo, consigas me perdoar.
_ Não quero saber nada por agora. Estes dias são só nossos. Depois contas-me.
- Combinado.
- Combinadissimo.
Sentaram-se frente a frente para jantar. Deliciaram-se com aquela salada, que mais parecia um “manjar dos deuses”.
- Carlos, vamos para minha casa? Se, não temos de ir buscar os sacos com a comida ao carro.
- Não estás aqui bem?
- Nunca me senti tão bem, como me sinto aqui contigo.
- Então passamos aqui esta noite, depois amanhã vamos para tua casa. Eu vou lá abaixo buscar os teus sacos.  
- Não te esqueças das minhas roupas. Quero mostrar-te o que comprei.
Carlos chega-se mais para Maria e beija-lhe o pescoço, enquanto uma mão lhe acaricia os seios. – Prefiro-te assim nua. E ri.
- Vou lá abaixo, mas quando chegar quero a sobremesa.
Maria dá uma gargalhada.
Carlos veste uma  t-shirt e uns calções e vai ao carro.

Vigésimo Oitavo Capítulo

Carlos e Maria enquanto viam um filme que estava a passar na televisão, comiam pipocas, beijavam-se e acariciavam-se.
Carlos estava feliz, como nunca estivera. Era agora um outro homem. A vida parecia que lhe começava a sorrir.
Que mais poderia desejar, tinha um bom emprego, uma boa casa e a mulher por quem sempre suspirara.
Estava tão apaixonado. Tinha sido um cobarde, ele sabia-o.
Mas, como iria Maria reagir quando lhe contasse o que se passara com ele.
Acreditaria nele! Ou, afastara-lo para sempre da sua vida. Tudo dependia de Maria o perdoar ou não.
Ainda eram novos e tinham a vida pela frente.
Deitaram-se, fizeram amor e dormiram abraçados um ao outro.
Acordaram já era tarde. O sol entrava pela janela, estava um dia radioso. Levantaram-se os dois ao mesmo tempo e foram tomar banho juntos.
No banho iam-se acariciando e falando palavras de amor.
Tomaram café e torradas. Estavam prontos para sair.
- Maria, preciso de fazer umas compras, depois vou ter a tua casa.
- Vês algum problema, não ir contigo já?
- Claro que não. Compreendo que tenhas que fazer. Baixa os olhos meio tristes.
Carlos com a sua mão levanta o rosto de Maria, e comenta.
- É uma surpresa para ti.
- Não te quero triste meu amor. E beija Maria sofregamente.
Carlos dirigiu-se a uma ourivesaria. Comprou um fio de ouro, e um coração onde mandou gravar o nome dele e de Maria. Enquanto faziam a gravação, dirigiu-se a uma florista ali perto.
Comprou um ramo de rosas, e no cartão escreveu
“Para a mulher da minha vida. Amo-te Maria.”
“Ass. Carlos”

Vigésimo Nono Capítulo

Maria chega a casa e quando está a arrumar a secretária, depara-se com o portátil do pai.
Abre o computador. Novamente fica apreensiva com a foto do ambiente de trabalho.
Quem seria aquele homem? Porque teria o pai aquela foto no ambiente de trabalho, e não uma foto dele com ela e Diana?
Tantas perguntas, que nunca teriam resposta. Ou será que encontraria respostas.
Começa a examinar todas as pastas. Os meus documentos, estavam divididos em as minhas imagens, fotos, ofícios, cartas….. 
Foi abrindo ofícios e mais ofícios, até que de repente pára num. Estava guardado com o nome “Aos meus amores Maria e Diana”.
Maria ficou inquieta. Abro, não abro, abro, não abro…….. E assim ficou, não sabe se passaram minutos se passaram horas.
“Coragem Maria, o que for será”.
Maria começa a ler:
“Aos meus amores Maria e Diana escrevo estas poucas palavras.
Palavras que guardo dentro do coração, é por vos amar tanto que quero que saibam o que me custou a escrevê-las.
A verdade sobre mim e a morte da vossa mãe. Sim porque fui eu o culpado da morte dela.
Maria exclama em voz alta – Culpado!
“Quero que me perdoem um dia pela morte da vossa mãe.
Ela descobriu aquilo que eu não queria assumir. Mas a verdade é que se matou por minha causa. Apanhou-me aqui em casa com o meu amigo/amante. Sim, apaixonei-me por um homem. Uns dias, ele vinha ter comigo de manhã, outros dias, era eu que ia ter a casa dele.
Ele vivia numa aldeia aqui próxima.
Creio que já perceberam com estas poucas palavras, que eu sou homossexual.
Naquele dia. Naquele fatídico dia, ele tinha vindo ter comigo.
As lágrimas de Maria escorriam pela face abaixo.
“A vossa mãe saiu para o trabalho, e ele estava à porta à espera. Nada previa que voltasse a casa. Nem sequer nenhum de nós ouviu o barulho do carro a estacionar.
Quando demos por ela, estava no quarto a presenciar a cena de dois homens nus em actos menos próprios.
A vossa mãe saiu dali a correr, completamente enraivecida. Saí a correr atrás dela, mas já não a apanhei.
Só soube do acontecimento quando a GNR foi à junta comunicar-me o sucedido. Tinha parado o carro à beira da estrada e atirou-se do penhasco.
Maria soluçava agora.
“A verdade é que eu amo-vos e amava a vossa mãe. Admitir que gostava de homens, que era homossexual, ainda levou algum tempo, mas foi mais forte do que eu.
Ele completava-me, assim como um homem completa uma mulher.
Depois da morte da vossa mãe, tentei acabar com a minha própria vida.
Foi ele o pilar da minha existência. Foi ele que me apoiou e ajudou a aguentar o remorso. Mas, nada já era como dantes.
A campainha da porta toca. Maria não sabe se a há-de abrir. A campainha toca novamente. Do outro lado da porta ouve-se Carlos.
- Maria abre, sei que estás aí.
- O que é que eu fiz?
Maria abre a porta, tinha os olhos vermelhos de choro, o rosto molhado e o seu semblante era infeliz.
Carlos trazia nas mãos um saco de papel e um ramo de rosas que deixa cair ao chão, e abraça Maria.
- Que foi meu amor? Conta-me tudo?
Maria aperta Carlos e esta chora sem conseguir parar.
Carlos acaricia Maria, até esta se acalmar e conseguir falar.
- Não imaginas o que eu descobri.
Leva Carlos até o computador, e mostra-lhe o que está a ler.
“Esta descoberta deu-se, era a Maria pequenina. Mas, o meu amor por ela e pela mãe era imenso. Nunca iria ter coragem de lhes contar. Por isso vivia duas vidas.
Quando decidi que ia contar tudo, nasceu a nossa doce Diana.
Desisti. Iria continuar como até ali.
Depois da morte da vossa mãe, abandonei o meu amigo. Penitenciei-me, nunca mais o vi.
Agarrei-me aos meus alunos. Foram eles a minha tábua de salvação.
Ajudavam-me, sentia-me activo e eu ajudava-os nas disciplinas em que tinham dificuldade. Isto sem nunca ter levado nada pelas explicações.
Era a minha maneira de me sentir vivo.
Aliás, há muitos anos atrás torturei um amigo da Maria. Ele veio ter com ela para irem para a escola, e deparou-se com o quadro a que a vossa mãe assistiu.
Disse-lhe que era normal, mas que não podia contar a ninguém. Era o nosso segredo. Acredito que ele o guardou, pois vocês nunca demonstraram saber. O rapazito é que apanhou um medo de mim desgraçado. Sempre que me via, fugia a sete pés. Para ele também, as minhas desculpas.
Não está a ser fácil escrever.
Acredito que se estão a ler estas linhas, estão em choque. Espero que um dia me perdoem.
Continuo a ser o vosso pai, sei que não me vão apoiar, mas peço que me compreendam.
Maria e Diana vocês são as únicas pessoas que amo no mundo.
António”
Carlos escondeu o rosto entre as mãos. Estava em estado de choque. Não sabia o que dizer.
Afinal não precisava de contar nada. Estava ali tudo descrito.
Maria, não queria acreditar no que acabara de ler. Era mau demais para ser verdade.
O pai não podia ser o monstro que ali estava relatado.
- Carlos ajuda-me, diz-me que tudo isto não é verdade.
Carlos abraçava forte Maria, e limpava-lhe as lágrimas.
- É verdade Maria, infelizmente é verdade na parte que me toca.
- Fui eu que apanhei o teu pai com outro homem, quando tinha nove anos.
- Obrigou-me a prometer que era um segredo nosso que os outros também já sabiam. E que os segredos não se revelam.
- Na altura acreditei que sim, mas depois percebi que nem o Manuel nem o João sabiam. Eu não o conseguia encarar e tinha medo dele. Eles pelo contrário brincavam com o teu pai.
- Quis-te contar, mas tive medo que nunca acreditasses em mim. Por isso afastei-me.
- Quando me beijaste na nossa chegada a Lisboa, pensei em conquistar-te, pedir-te namoro. Mas não te ia conseguir encarar.
- Quando a minha mãe me disse que a tua se tinha matado. Logo pensei, “Descobriu tudo”.
 Carlos abraçava Maria, tentando acalmá-la. Beijava as lágrimas salgadas que lhe escorriam pelo rosto.
- Ele errou, por não ter assumido aquilo que era.
- Acredito que vocês um dia o perdoariam. Se, se tivesse aberto com vocês. A tua mãe teria ficado chocada, mas teria sido mais fácil do que ela descobrir dessa maneira.
- Ele já pagou pelo erro que cometeu. Eu por muitos anos carreguei a culpa e a mágoa do segredo que ele me fez guardar. Sentia-me doente e tinha medo de demonstrar aos outros o que sabia e a vergonha que era.
- Só me resta perdoar-lhe agora que sei toda a verdade. Assim como tu vais ter de perdoar um dia.
Maria não conseguia falar, só ouvia Carlos.
- Agora sou eu que te vou pedir para guardares um segredo.
Maria olha atónita para Carlos.
- Um segredo, não era este segredo!
- Sim e não.
- Tens de prometer que guardas, não é por mal.
Maria olhou Carlos nos olhos e respondeu. – Prometo.
- Este vai ser o nosso segredo. Não vamos contar a ninguém. Já basta nós a sabermos. A tua irmã é muito nova. Vamos deixá-la longe disto.
- Deixa que continue a pensar no pai como até agora.
- Obrigada Carlos, depois de tudo o que passas-te ainda o queres proteger.
- Todos cometemos erros, quem não comete quer dizer que não faz nada.
- Assumir o que ele assumiu aqui, é preciso ter muita coragem.
- Se guardei este segredo vinte seis anos, poderei guardar outros tantos e tantos.
- Agora que sei que és minha, nada mais importa.
- Vamos apagar tudo do computador.
Carlos enlaça Maria aperta-a contra si e murmura-lhe ao ouvido.
- O mundo podia terminar agora que sei que fazes parte da minha vida para sempre.
- Como te amo Carlos.
Olharam-se olhos nos olhos, era um olhar de esperança e de futuro.

 Manuela Santos


2 comentários:

  1. Opinião da "Carla Cardoso Finalmente li o teu livro, e desde já dou-te os meus parabéns, pois para 1º livro superou as expectativas Muito giro. Acabei o livro com emoção e à espera de mais…….
    Uma leitura muitíssimo agradável, que se lê facilmente e com gosto, para mim um bom livro que descreve uma história de amigos, amor e segredos……
    Quanto a estes, confesso que o início da história me induziu para um caminho que afinal não existia….Surpreendente!
    Para finalizar, só te tenho a dizer para continuares esta tua paixão, pois é sempre um prazer ler aquilo que escreves! Bjs"

    ResponderEliminar
  2. Opinião da "Isaura Pereira Acabei de ler o livro e gostei imenso!!! Muitos parabéns! Conseguiu criar uma boa história, com um bom enredo. Gostei da relação entre as personagens e do "segredo". Foi muito bom como conseguiu criar suspense! É uma leitura muito fluída e agradável. Se este é o seu sonho não desista! Tem aqui uma boa história! Parabéns! Beijinhos"

    ResponderEliminar